Josué Gomes - Guardada em Sonhos
Sonhos não envelhecem
Maria Quitéria
Quando a intensa dor toma conta do meu peito
e a cidade ofusca o verde dorido das minhas íris,
vou de encontro a um outro verde e claro leito,
das terras fecundas e das flores mais felizes.
Meu corpo despido monta num cavalo que corre
saindo a galope sem que nem eu me dê conta
e trilha caminhos alheios e vai indo, percorre
canaviais, estradas empoeiradas, comigo à monta.
Minha devassidão clama por um corpo distante
de um homem que buscou-me em uma outra era;
- um adendo na minha vida, um delicado amante -
um homem de porte, um louco, uma apaixonada fera,
fazendo embrenhar-me por uma outra quimera;
em busca de suas mãos abertas e tão querentes.
Então altero os planos dos meus nortes tão rentes
numa cavalgadura louca que me leva pelo desejo
com meu corpo escorregando no duro lombo
que passa macio entre as coxas em seu latejo
até que eu me esqueça do tamanho do rombo
e me desfaça num desmedido gozo de paixão,
chamando aquele que é dono do meu verso,
que é a canção da terra dessa cidade em reverso,
onde viajo acompanhada de sonhos, Deus e solidão...
A belíssima poesia de Josué Gomes e sua voz maravilhosa:
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