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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Todo mundo é lobo por dentro



Ouça :
http://geocities.yahoo.com.br/quitelos/om.wav

"Você me disse que eu sou petulante, né?
acho que sou sim, viu?
como a água que desce a cachoeira
e não pergunta se pode passar
você me disse que meu olho é duro como faca
acho que é sim, viu?
como é duro o tronco da mangueira
onde você precisa encostar
você me disse que eu destruo sempre
a sua mais romântica ilusão
e que destruo sempre com minha palavra
o que me incomodou
acho que é sim
como fere e faz barulho um bicho que se machucou, viu?"
(Oswaldo Montenegro)


Todo mundo é lobo por dentro
(Maria Quitéria)

Tenho os dentes mais raivosos
- quando em mim as palavras são ternas -
a voz alcança sons lentos, maviosos
e, sem mais, eu flexiono as pernas;
e aí eu mordo e arranco sangue
uivando minha fúria mais doce
deixando a caça toda exangue
como se de papel fosse.
E é ali que a poesia brota
que a canção grita no fio
rascante como roupa rota
sinuosa como água de rio;
e farejo e me esgueiro e instigo
arreganho os caninos
no bailar do trigo
de versos meninos
e sigo morro acima entre as cobras
outros bichos que, como eu,
atacam quando feridos, não deixam sobras
e seguem altivos como quem não morreu.

Simultâneo:

Balada de Câncer: Dos desejos que não me dormem



http://www.youtube.com/watch?v=4cQH-UWRcPE&feature=related

Balada de Câncer: Dos desejos que não me dormem
(Maria Quitéria)

"... meu coração vive cheio de amor e deserto
perto de ti dança a minha alma desarmada
nada peço ao sol que brilha
se o mar é uma armadilha
nos teus olhos..."
(Zeca Baleiro/Fagner)


Faz tanto tempo e o sol de outros cantos me lembrou
ao ver as casas tão brancas de azuis janelinhas
os teus versos no meu peito, um sonho que ficou
de brincadeiras, maçãs, tesões e amarelinhas
nós dois nas manhãs, cada qual na sua vida
você, com suas paixões e tantas mulheres
com tua comida farta e tantos talheres
eu, sozinha, carregando o fardo da minha lida
faz tempo, e o mar do mediterrâneo bailou
umas ondas mareadas de espumas brancas
dançando canções de desejo nas minhas ancas
e a solidão dos meus olhos de novo o manto fiou
uma antiga colcha que me aquecia no frio do inverno
com novelos que eu inventei com cores de paixão
imaginando o gozo que explodiria como lavas de vulcão
se eu pudesse deitar o teu céu no meu inferno...


Simultâneo: