AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Maria Quitéria no Le Monde


LM - Você escreve há quanto tempo?
MQ - Creio que desde que aprendi a escrever (digo, depois do be-a-bá), já rascunhava trovinhas. Meu pai sempre escreveu músicas e, embora eu nunca tenha escrito nenhuma, escrevia coisinhas para mostrar para ele... Aprendi a ler e a escrever com cinco anos e em casa só falava em italiano com meu pai. Creio que isso desenvolveu em mim vontades de me expressar através da palavra escrita.

LM - Você se considera uma escritora popular?
MQ - Não me considero uma escritora e não sou. Sou apenas escrevinhadora. Não tenho métodos, métrica e muito menos disciplina.

LM - Seus textos normalmente são eróticos ou sensuais. Seu veio poético é semelhante a sua pessoa?
MQ - Creio que sim, embora não vá jamais explicar se o que escrevo é verdade ou mentira. Se misturarem a autora com a pessoa, tudo certo. Se separarem, tudo certo também. Não acho que deva dar satisfações sobre minhas letras; isso, além de ser ridículo, é totalmente dispensável. Sou erotizada, sensual e isso faz parte da minha natureza, contudo, também sou séria e posso ser bastante cruel se necessário. Mas nem por isso preciso escrever crueldades.

LM - Você recebeu propostas para escrever livros. Por que nunca aceitou?
MQ - Primeiro porque, como já disse, não tenho disciplina. Escrever por obrigação iria tirar toda a graça. Segundo, jamais irei investir em letras. Não que não creia que poderiam valer algo, mas me propus a jamais pagar para ser lida. Se um dia tiver que gastar um único centavo seja onde for para publicar, deixarei de escrever. Ou melhor, deixarei de publicar, continuarei escrevendo em meu diário. Recebi uma proposta para publicação de contos e não iria investir nada, exceto tempo, mas analisei friamente: o que querem que eu escreva? o que iria atrair um público X? qual o tamanho ideal de um conto a não ser cansativo e fazer com que se continue folheando? o que seria um sucesso? Como não gostei das respostas que eu mesma me dei, não quis fazê-lo. Não compensaria o desgaste, exceto se fosse um sucesso mas, honestamente, não creio que seria.

LM - Quantos textos você já escreveu? Tem a quantidade?
MQ - Não, não tenho, mas devem ter superado a marca de 10.000. Entre todas as frentes de publicação que ainda mantenho, devo ter mais de 8.000 publicados, então creio que esse número deva ser até superior.

LM - O que você mais gosta de escrever?
MQ - Política. Já assinei matérias em um jornal e em uma revista por muito tempo com pseudônimo. Adorava escrever politica, mas me proibi de continuar. É desgastante e eu ficava enfurecida, começou a me fazer mal. Mas ainda gosto muito de escrever sobre o assunto, embora pouco o faça. Também gosto da linha financeira. Toda a estratégia, as aplicações... isso tudo faz o cérebro funcionar a mil. Como não bebo nem uso drogas, política e finanças dão um barato e tanto.

LM - Quando você escreve sobre amor, por exemplo, você idealiza ou retrata?
MQ - Normalmente retrato. Idealizar pode trazer transtornos já que as pessoas nunca são o que desejamos.

LM - O que você gosta de fazer quando está de folga?
MQ - Nada. Fazer nada é uma coisa muito gostosa. Quase tão boa quanto fazer amor.

LM - Você acha que poesia ainda é vendável?
MQ - Será sempre vendável porque o amor existe. Mas as pessoas, embora ainda há quem busque aquele "eu te amo", agora também buscam outras formas de expressão na poesia e quando ela consegue aliar o amor, o cotidiano e mais as diversas posturas, tanto psicológicas quanto temporais, torna-se leitura obrigatória para a maioria.

LM - Então você acha que a poesia precisa ser clara, é isso?
MQ - Eu disse outra coisa, mas isso também é verdadeiro. Não há nada mais desagradável do que você começar a ler uma poesia e ficar tentando decifrar o que o autor quis dizer. A metáfora é sempre benvinda, mas a estupidez, a 'invençatez', além de ser pobre em aspecto literário, ainda causa aquela sensação de aturdimento ao final da leitura. Isso me faz pensar no poetrix, poema simples em sua forma, mas que as pessoas pensam que podem escrever qualquer tolice em três linhas e está feito. Mas, de tudo, o que mais de deixa atordoada é observar pessoas aplaudindo o que não entenderam ou o que não faz sentido, apenas para adular um autor ou passar atestado da própria ignorância, como nos quadros com aquele monte de cores e rabiscos e as pessoas (sempre com ar intelectual), explicando o inexplicável.

LM - O plágio é um problema gravíssimo para os que publicam na Internet. Como você encara isso?
MQ - Bem, apenas uma vez fiquei bastante zangada com relação a um texto meu que foi publicado sem a autoria. Achei desagradável o que a pessoa fez. Não só desagradável, foi desonesto. Mas o plágio, embora seja uma erva daninha e eu encontre frases inteiras minhas na boca de outras pessoas, eu acabo por entender que só copiamos o que entendemos como sendo uma coisa de valor, então, essas pessoas que costumam plagiar, se tiverem talento, cedo ou tarde encontrarão seu próprío caminho e deixarão de copiar os outros e, os que não possuem talento, serão esquecidos. Não se engana a todos por muito tempo.

LM - Que tipo de literatura você acha que poderia fazer mais sucesso?
MQ - A ficção romântica, o suspense, o esoterismo, o conto policial, a intriga política; esses temas são interessantes e abrangem um grande público. Também os livros de auto-ajuda, embora eu não goste deles, o filão comercial é imenso.

LM - Há alguma fórmula mágica para ser bastante lido?
MQ - Sem dúvida. Quando o título é chamativo, normalmente a leitura é imensa, mas isso é uma faca de dois gumes já que você acena com algo e o leitor busca isso no conteúdo e, se o conteúdo for pobre, ele acaba se cansando e deixa de ler você. Sempre entendi que títulos apelativos exigem muita capacidade no texto em si e nunca me vali desse argumento. Às vezes escrevo algo para uma única pessoa e, sabendo que essa única pessoa me leu, já me satisfaz. Não busco o sucesso fácil, aliás, nem busco o sucesso, apenas gosto de escrever. E também sou bastante seletiva com relação aos comentários que recebo. Sempre são benvindos, mas não me iludo achando que isso me torna um sucesso já que quem gosta de A, não pode gostar de B e se os elogios para A e B são constantes, isso significa apenas amizade e não um aval ao meu talento.

LM - Você escreve de forma crua, isso acarreta algum problema?
MQ - Não. Em alguns sites, creio ter sido a primeira mulher a escrever as palavras como são, sem o invólucro da boa educação. Quando se escreve, não se pode tolher a criatividade. Algumas palavras são usadas em medicina, outras são usadas no erótico, e eu não tenho nenhuma censura ao escrevê-las. Contudo, sempre tomei muito cuidado para não ser vulgar. Isso é o que difere uma palavra da outra. A vulgaridade, a palavra crua escrita apenas visando um determinado aspecto do sucesso é que faz desandar toda uma letra. Até a pornografia explícita possui talento se não entrar na vulgaridade.

LM - Fora escrever, o que você mais gosta de fazer?
MQ - Amor, cavalgar, cozinhar, torrar dinheiro e fazer nada.

LM - Se você pudesse criar um homem como se fosse um livro, como ele seria?
MQ - Eu gosto do biotipo do Stallone. Poderia ter cabelos escuros e longos, músculos, ser mortal e quase mudo. Esse homem é o ideal para meu gosto; rústico, bruto, forte, calado, confiável, determinado e sem piadinhas. Detesto homem que conta piadinhas ou vive rindo. Mas embora tenha preferências físicas um tanto determinadas, se esse homem não tiver caráter e ser "galinha", não valeria nada no meu conceito; seria um livro só de capa. Ainda prefiro um livro até rasgado, mas com letras poderosas.

LM - Gosta do tipo bruto, então?
MQ - "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás..."

LM - Que tipo de literatura você gosta? O que você lê?
MQ - Sempre li muito. De bula de remédio à gibi. Livros técnicos, livros sérios, livros idiotas. Mas depois de alguns anos (muitos, no meu caso) a gente aprende certas coisas. Cito Nelson Rodrigues e, creio, estarei explicando o que penso hoje: " "Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos".
...

Na íntegra:
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Meus bichos indômitos

Ouça:
Ze Ramalho - Cancao Agalopada





"... Numa fenda de fogo que aparece

O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos
Na fronteira de um mundo alucinado
Cavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos..."
(Zé Ramalho)

Meus bichos indômitos
Maria Quitéria

Te faço renascer das cinzas do meu corpo
te dou asas de pássaro, num vôo macio;
te deixo duro, envenenado, e o anticorpo
te oferto na noite desaguada do meu cio

corro pelos prados, potranca selvagem,
de rabo erguido, chamando o macho
que trota altaneiro, alazão de montagem,
a cobrir a égua castanha em seu racho;
e os mutantes que somos se elevam
nos fantasiosos campos ou metidos na tapera
seguindo com o afã dos que se entregam
como bicho, pássaro, homem, pantera;

atravesso a pêlo o denso da tua floresta
- mundana leoa de soltos cabelos -
lambendo a última gota que lhe resta
com minha língua lanhando desvelos
vou rugindo pelo teu corpo lustroso
arisca, mas inteira entregue ao prazer
de viver contigo o tão mais gostoso
das volúpias do trepar, sentir e gemer,
rebolando a anca ao tigre que se mostra
que altivo, deixa o falo rígido no balanço
ao desaguar da tigresa que se prosta,
rainha felina vendo o gozo pingar manso...

"... eu prefiro um galope soberano
à loucura do mundo me entregar..."

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

De ausências e cumplicidade

Ouça:
Fagner - Espumas ao vento




"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
(Carlos Drummond de Andrade)


De ausências e cumplicidade
Maria Quitéria


Te ter dentro, ainda que distante,
ainda que no devasso do pensamento,
é meu doce enredo de amante
a te deitar loas pelo firmamento;
é ter a carne toda em frêmitos de gozo
rompido pelo fogo dos meus dedos
no jorro inclemente e mais gostoso
feito de silêncios, pausas e segredos;

essa ausência, que as vezes tanto dói
como um veneno correndo na minha veia
que, lentamente, me entra e corrói
com a ardência da trama dessa teia,
plana ainda na linha do meu horizonte
quando a labareda tórrida no coração
me abre as coxas em ponte
na derrama de chuvas salgadas de tesão,
com teu nome sussurrado na boca
com tua lembrança que, confesso,
é o que me desatina e me deixa louca
e me faz virar do avesso...

"... e de uma coisa fique certo, amor,
a porta vai estar sempre aberta, amor,
e o meu olhar vai dar uma festa, amor,
na hora que você chegar..."


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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Guloseimas ou Travessuras?

HAPPY HALLOWEEN






Guloseimas ou Travessuras?
Maria Quitéria

Quando dispo meu manto
ao teu espanto
chamando teu nome
e te invoco: vinde homem!
eu te remexo por dentro
te banho de ungüento
de gozo
gostoso
risco meu pentagrama
me deito na grama
e acendo um incenso
sem senso
meu dedos fazem o traçado
do pêlo enrolado
da fenda
em renda
pingando na coxa
quente
rente
da cabrocha
que deita a crina
e se bolina
virada pra lua
nua
o galope do cavalo
é ouvido no teu peito
retumba como um badalo
te remexendo no leito
o dedo é a adaga
que afaga
a vela em sua chama
te chama
o olho focado
caldeirão aceso
meu homem teso
em outro estrado
e eu o trago até mim
espalhando o meu cheiro
doce, de jasmim
exalado no teu travesseiro...

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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

fazedora das tuas chuvas

Ouça:


 Vander Lee - Românticos





"... romântico
é uma espécie em extinção
românticos são loucos
românticos são poucos
desvairados
românticos são limpos
e pirados
como eu...
(como nós)"
(Nado Siqueira)


fazedora das tuas chuvas
Maria Quitéria

... te encontro
naquele encontro
duro e teso
coeso
te deixo louco
por pouco
derramo o gozo
gostoso
meu gosto na tua boca
que, louca
brinca de língua ao acaso
meu caso
amante lanhando fúria
luxúria
que me chama de amor
no ardor
de gata arisca
que risca
a linha do destino
desatino
no vai e volta
não solta
no vai e vem
teu bem
na chama da foda
sem poda
fazedora de chuvas
e luvas
de encaixe no dedo
segredo
paixão tão amiga
antiga
demônio e bicho
teu nicho
de foda e poesia
anarquia
num rock pesado
dobrado
sabonete e chuveiro
aguaceiro
nota em violino
um menino
passando a vara
na tara
no dentro mais quente
no dente
esfregando no ponto
pesponto

em tear de alegria
de pele e folia
falo erguido, apogeu
num lance verdade
onde tua tempestade
sou eu

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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fernando e tantas Pessoas

Ouça:
Caetano Veloso - Fernando Pessoa




"...E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar."
(Fernando Pessoa)



Fernando e tantas Pessoas
Maria Quitéria

Dos tantos mares que minhas íris já viram, a última onda levantará em tubo e arriscarei.
Dos tantos ares que meus cabelos sentiram, a última rajada estará à queda e ao corpo.
Dos tantos chãos que meus pés caminharam, em Santiago ainda pisarei.
Das tantas terras que sujaram minhas unhas, a mais escura ainda não me cobriu, nem cobrirá.
Dos tantos vermelhos que aqueceram minha pernas, a última fogueira ainda será acesa no deserto.
Dos tantos desvãos que minha alma perscrutou, o maior ainda está por brilhar-me.
Dos tantos corpos que deitaram em meus sonhos, o último tomará o que teve o primeiro.
Das tantas paixões que me cobriram em manta, a eterna será feita de retalhos.
Dos tantos gozos que me escorreram, o último ainda me inundará.
Dos tantos amores escritos no coração, o penúltimo dorme em meus braços.
Dos tantos nomes que se juntaram ao meu, o derradeiro está no risco da palma da minha mão.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Teu norte no meu sul

Ouça:
Foo Fighters - Times Like These (Studio Acoustic)




"... Eu sou uma rodovia de mão única
Sou uma estrada para longe
Que segue você de volta para casa
Eu sou um poste aceso
Sou uma luz ofuscante
Piscando sem parar..."
(Foo Fighters)



Teu norte no meu sul

Maria Quitéria

Nesse nosso lance todo
em meio a todo um todo
quando lobos saem à caça
e mulheres se dão de graça
nesse espetáculo de circo
onde se paga só mico
se arrega, se deita de veneta
sem o gosto do leite da teta
a gente cria um outro canto
com um canto mais suave
meio asinha de ave
meio chorinho de encanto
fazemos canção e loa
prosa e verso sentido
o coração fica na boa
e a gente mais atrevido
o tesão dá a nota da pauta
e você dedilha as cordas
eu brinco com tua flauta
e o gozo mela nas bordas

tecemos um pano tão forte
pra com ele nos cobrirmos
escondendo teu apontado norte
no meu fundo sul de abismos...

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sábado, 4 de outubro de 2008

Me deixe deitar na tua cama...

Ouça:
 caetano veloso - à flor da pele



Me deixe deitar na tua cama...
Maria Quitéria

... sonhe comigo pelas tuas noites
deixe que meu cheiro te adentre
meu toque arrepie em leves açoites
subindo pelas tuas carnes e te entre
deixe minha imagem tomar conta
sinta o suor pingando no teu peito
escorrido dos meus seios na monta
do corpo que pesa desejo no teu leito
deixe a carne sentir os espasmos
o falo acobertado pela macia vermelha
e irrompa um dique de orgasmos
pela gata que desceu da tua telha
reviva cenas de carinho e trocas
dedilhe as cordas do instrumento
sinta o etéreo na força das entocas
e me beba direto do pensamento
acorde com a visão dessa imagem
pelos lençóis melados de riacho
do sêmen jorrado nessa viagem
comigo acavalada em você, macho...


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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Dona do Raio

Ouça:
 Maria Bethania - A dona do raio

"... O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara é santa que me clareia
Eu não conheço rajada de vento mais poderosa que a minha paixão
Quando o amor relampeia aqui dentro, vira um corisco esse meu coração
Eu sou a casa do raio e do vento
Por onde eu passo é zunido, é clarão..."
(Dorival Caymmi)


Dona do Raio
Maria Quitéria

Risco teus céus com minha tempestade,
trago os ventos a despentear tuas idéias;
sou a guerreira que te mostra a verdade
nos rompantes do meu desejo de falésias.

Trisco tua carne com a fúria do vendaval,
queimando tua pele com o sal dos amores,
criando o olho do furacão em meu bacanal
nas fortes coxas abertas aos teus suores.

Sou a tua bênção e tua sina mais desvalida,
o corisco dos templos clamados, imemoriais;
sou a canga, a asa, entidade pura e atrevida,

de rosto coberto e corpo de vento e leveza,
na vaga da tua pele de onde vertem os sais
do teu sêmen que jorra orgasmo e pureza.

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Como um Dejàvú

Ouça:
 Van Halen - Take Me Back (Deja Vu)



Como um Dejàvú
Maria Quitéria

Ele me tocou com o velho sentimento
que eu trazia no peito, cheio de saudade,
veio com mil tormentas em movimento
devastando a estrutura da minha cidade.
Mordeu as carnes todas da minha anca
voltou do longe, de onde havia partido.
me lanhou com a fúria de quem desbanca,
entrou nos meios de onde não devia ter saído.
Escorregou pelos antigos sonhos da fantasia,
jorrou o sêmen quente dos mistérios da criação,
trouxe o corpo de encaixe da minha orgia
entrando e saindo na sanha do meu tesão.
Me chamou de volta, como quem é dono,
como quem comanda a batalha e a conclui,
me acordou a carne de um profundo sono,
sussurrou meu nome ao gozo e eu... eu fui...

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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Traduzindo-me

Ouça:
 Chico Buarque e Fagner - Traduzir-se



Traduzindo-me
Maria Quitéria

Das tantas que me habitam e me movem,
das putas, das vagabundas e das mundanas;
sou aquela, o entre e o meio das que servem
com a leveza e as coxas das belas mucamas.
Entre a perigosa e a que mata sem piedade,
entre a lady e a que derruba cavalo bravo,
estou no pêndulo entre a mentira e a verdade,
entre a cruz, a espada, o martelo e o cravo.
Dentre o amores e os ódios que me habitam,
entre o pecado e a desistência do perdão,
faço o meu número no teatro dos que incitam
e que vivem e morrem por um veneno ou tesão.
Entre a mulher, menina ainda, que sonha verso
e faz poesia para o menino amado e travesso,
sou o meu próprio espelho virado e transverso;
de carne dura, o olho astuto e a fúria do avesso.

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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cativa do teu corpo

 


Cativa do teu corpo
Maria Quitéria

Teu corpo nu e meu para a fome dos meus olhos
para o meu apetite desmedido de farra e orgia,
para o meu deleite, teu leite jorrado aos molhos,
meu demônio que canta a mais devassa melodia.
Meu corpo sôfrego de prazer e entregue ao teu,
o mel escorrido, besuntando dedos e vontades,
a noite dos sonhos mais escura que todo o breu
clareando gozos partilhados de tantas saudades.
Tua mão, feito uma cantiga, entoando as notas
dos órgãos expostos nas minhas carnes e pêlos,
meu mar entre as coxas pontilhando as gaivotas
dos teus dedos que sobem e descem em duelos.
A pele contra a pele, fomentando o jorro quente,
que escorre pelas vias das estrelas onde eu bebo
com a ânsia de uma louca ensandecida, delirante,
o teu prazer que me é dado e que liberta recebo;

aos grilhões do teu corpo inteiro meu e amante,
dentro da veia, na carne e na alma que te cedo.

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Fera inquieta



 



Fera inquieta
Maria Quitéria

Ele me espreita com seus olhos de animal
- um lobo de dentes arreganhados -
buscando a carne das entranhas e o sal
que me escorre pelos temporais jorrados.
Ele me vem nas noites sem que eu espere,
traz toda devassidão ao corpo que assanha
e, por mim, não há quem proteja ou zele,
quando me entrego ao prazer da sua manha.

Sou a outra, a que ele carrega em segredo,
um bicho que, como ele, sai à caça e luta;
a mulher que ele chama no estalar do dedo
e que se entrega como a mundana mais puta.

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Eu ainda digo que te amo


Ouça:
http://www.tempoesia1.hpgvip.ig.com.br/midi/nacional/fafa_de_belem/Historia_de_amor.mid


Eu ainda digo que te amo
Maria Quitéria

Não, não direi que não te amei,
direi outras coisas ainda, e mais,
que te quero e das noites que te sonhei
ainda vivo aquela guerra sem ter paz;
não, não direi que não tenho ciúme,
nem que não mais me importo,
direi que morro e vivo de queixume
fingindo ser a Maria de cada porto;
direi que te desejo entre as coxas,
que quero a tua mordida e o teu falo
mais as deliciosas marcas roxas
e o grito urrado, que hoje calo;
direi que meu coração ainda dispara
quando você chega e me vem dissimulado
que meu corpo ainda se mexe com tua tara
e que gozo como se estivesse ao meu lado;
que da minha fogueira ainda é a chama,
o cigano do meu oásis, hoje só deserto,
o devasso homem que ainda me inflama
e que eu desejo ter por dentro e perto;
não, não direi que nada mais quero,
nem que não te sonho em minha cama,
não direi que não mais te espero
e que não sou aquela que te ama...

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'Fidelity'

 



'Fidelity'
Maria Quitéria

"... Eu nunca amei ninguém completamente

Sempre foi com um pé no chão
E por proteger de verdade meu coração
Eu me perdi nesses sons
Eu ouço na minha mente
Todas essas vozes
Eu ouço na minha mente todas essas palavras
Eu ouço na minha mente toda essa música..."
(Regina Spektor)

Te dou meus passos ao teu encontro
- meu caminhar lento pela tua orgia -
meus braços em laços ao pesponto
da tua sede de gozo e fantasia.
Te dou os meus seios para sorver,
minha língua lasciva pra tocar a sua,
minha pele para arranhar e morder,
minha coxa de dourados pêlos e a nua.
Te dou a poesia mais densa e profana
tatuada na carne a que me desvende,
gemo e urro feito uma leoa mundana
para o teu assanho e o que te acende.
Te dou o ondulado do reverso do parto,
a monta em mel onde te liberto e amarro,
a boca saciada no riso do gozo mais farto
e o silêncio entre o teu uísque e o meu cigarro...

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Esboço


Esboço
Maria Quitéria

Pinte-me com as cores da tua imaginação,
- faça-me em arco-íris na tua aquarela -
dispa-me da vergonha, pincele-me de tesão
a que eu seja, dentre todas, a mais bela.

Toque-me com as cerdas do teu pincel,
dando-me os contornos avolumados da lua
nas ancas arredondadas, brilhando ao céu
do teu olhar que me vê assim tão nua...

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domingo, 7 de setembro de 2008

Sob os domínios dele

 simone - nova mulher




Sob os domínios dele
Maria Quitéria

Ele me chama pra foda
diz que eu sou a gostosa
a felina gata manhosa,
leoa do pelo sem poda;
põe o pau todo pra fora
diz que com ele estoura
as pregas e a nervura,
balança sua pica dura
e mete com toda vontade;
o pau reluz e mais mela
todo cheio de vaidade.

Ele estoca e chama no gozo
urro e o macho gostoso
soca o quanto cabe nela;
ele mete fundo e me fode
depois, como quem pode,
ordena que eu fique de quatro;
afunda no rabo e explode,
o cacete que eu idolatro...

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Partilha de amor e sexo


Partilha de amor e sexo
Maria Quitéria

Também penso em você e em nossa magia,
na maravilha do sexo e do amor que temos;
das nossas trocas em delírio em plena orgia,
dos momentos de prazer quando nos vemos.

Também inalo o seu cheiro quando me deito,
quando as asas do vento me trazem o deleite
de tocar-me por baixo, arrepiando-me o peito
ao ofertar-me sem pudor o jorro do seu leite.

Também o amo quando me descem as águas
pelo delirante templo profanado de tanto sexo,
quando me dá o prazer da carne em deságuas
nesse encaixe perfeito do côncavo e o convexo...

Simultâneo:
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sábado, 6 de setembro de 2008

Leoa Selvagem


Leoa Selvagem
Maria Quitéria

Eu arranho a carne dele;
brigo, urro no queixume
me descabelo por aquele
- inteira louca de ciúme -

Arrepio arisca e descambo,

mordo sem pena e arranho,
depois acaricio e lambo
esquecida de tanto lanho
quando ele mostra o falo duro
e toca com gosto o cacete,
me querendo em todo furo,
acariciando de leve o rolete.
A leoa já vira gata mansa
ronronando de rabo erguido
querendo o bichão soerguido

Dona dos teus domínios


Dona dos teus domínios
Maria Quitéria

Lanho sem pena teu corpo nu e meu
- dona que sou da tua loucura -
da tua doença sem cura,
pelas coxas firmes do meu templo ateu;
é assim que te domo e mando,
é assim que obedeces ao comando
da dama vermelha sem atino,
quando chego te ferindo a coxa,
deixando uma marca roxa
no perfurar do meu salto fino.
E te subjugas ao poder da mulher
da libertina que adentra teus domínios,
e tu imploras por mais querer,
por mais dor a te cobrir de fascínios,
onde exponho tua carne ao rasgar o pano
fiado dos desejos que minha volúpia tece;

sou eu, o demônio mais vil e profano,
que bebe teu sangue e te enlouquece.

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Que venham as tempestades

 




Que venham as tempestades
Maria Quitéria

Dos meus olhos elas caíram
misturando-se aos gozos de antes
quando, secretos amantes,
eles tanto nos fluíram.
Os vendavais do sentimento
ainda escorrem-me pelas coxas,
nas intrincadas marcas roxas,
que minhas unhas cunham sem alento.
Toque-me como antes, como outrora
faça dos ventos os mesmos furacões
que me trouxeram ao útero uma aurora
surgida na manhã com o sol dos tesões.
Tome de mim as chuvas derramadas
com teu nome entre dedos
passados nas carnes fervilhadas
dos espasmos enevoados dos segredos.
Chova em mim a mesma loa pungente,
cantando aquela única canção
que me embalava horas de tesão
fazendo, de mim, uma enchente...

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sábado, 30 de agosto de 2008

Bicho Rei


Bicho Rei
Maria Quitéria

Ele vem e me arranha as costas,
já chega me levantando a saia,
me faz umas devassas propostas
e diz que eu sou da sua laia;
me coloca a mão no macio,
diz que é tempo quente de cio
e vai se deitando no chão;
me puxa como eu fosse tão leve
e eu monto nesse que se atreve
a imputar desvario tesão;
ele deixa o engate armado,
diz besteiras feito um tarado,
depois diz que é o meu dono;
me arranca águas bem quentes
enquanto me mete os dentes
nos bicos duros que entono;
ele tem esse jeito esquisito
é inteiro um homem bonito
quando deita assim pela relva,
se eu pudesse confessar, eu diria,
que ele é o Rei da anarquia;
o leão que me abate em sua selva...

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Vem anjo, vem que eu te quero bem...


Vem anjo, vem que eu te quero bem...
Maria Quitéria

... assim, assim, todo safado
fazendo tua loa cruzar fronteiras
brincando com as rameiras
fazendo mais doce o seu trotado
desse jeito que só você faz;
mocinho com cara de bom rapaz,
bandido armado até os dentes:
capa, espada, asas e entrementes

tem importância nada, não, meu amor
- com você é só love, só calor -
nada de tristezas, ciumeira, melancolia
com você é gozo, farra e poesia
vem sim, vem que eu te quero bem
com esse jeitinho que só você tem
com tua ginga marombeira de santo;
os pés de barro e despido do manto...

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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Suspirando... só de pensar...


Suspirando... só de pensar...
Maria Quitéria

Imagino ele chegando de repente,
vindo sem nem me avisar,
e eu passo a língua no dente
pensando o que ele vai achar
da surpresa que eu guardei pra ele,
no invólucro da carne mais densa,
- uma flor perfumada na pele -
tatuada ao olor da presença
e me pego em suspiros mais loucos,
nos calores que o inferno provoca,
entremeados de gemidos roucos
ansiando um beijo na boca...

Sampa, 27.08.2008 16:40hs

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Tão gostosa...


Ouça:

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Tão gostosa...
Maria Quitéria

... a palavra que estica como elástico
tem um jeito todo próprio no seu cerne
é aquela feito cobra no bombástico
uma pantera que não há quem a governe
é palavra intumescida de sangue e veias
imprevisível em seu levante mais altivo
ela tasca e vem com gosto pelas teias
dos pêlos negros entre o racho atrevido
faz a dança toda elástica em identidade
num movimento de calor mais ardoroso
ela lanha tudo em volta com alarde
num feérico entra e sai muito gostoso
tem mistério sua passagem na floresta
vai ao âmago com seu jeito orgulhoso
deixa um rastro todo quente pela fresta
é de um gênero muito próximo ao Tinhoso...

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Enlace


Enlace
Maria Quitéria

Quanto, enfim, me tocares com a boca,

meu corpo responderá e, inteira louca,
me entregarei ao teu corpo de homem,
rendida aos desejos que me consomem;

Quando, enfim, me levares àquela lua,
travestida aos sonhadores e mais nua,
me colocarei à mercê do teu destino,
me oferecerei densa e tesa, sem atino;

Quando, enfim, me tomares aos goles
- nos meus frêmitos de descontroles -
eu me deixarei ficar, exaurida de ardor.

Quando, enfim, me disseres a que veio,
te embalarei com carinho em meu seio

O Cara

O Cara
Maria Quitéria

Ele me fareja
me sente quando eu chego
ele é o meu Nego
o gostoso da peleja
Ele sabe todo o mote
é bicho traiçoeiro
vem todo faceiro
e dá o bote
Ele tem gosto de farra
é menino bandido
me dá um perdido
e me pega na marra
Esse cara é tudo de bom
tem esse jeito macio
me deixa no cio
só com seu tom
Ele é inteiro manhoso
uma delícia em ação
seu nome é tesão
e o sobrenome... gostoso...


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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Toque-me...




" Nós estamos começando
nós estamos fazendo o caminho para o destino...
... então, baby, deixe a sua consciência ir

não há volta quando o amor está seguro
me abrace, baby, me dirija à loucura
toque-me a noite toda..."
(Touch me Alicia City)




Toque-me...
Maria Quitéria


... firme entre as duras coxas luzidias,
entre minhas pernas que te chamam,
toque-me com tua língua de ambrosias
e teu falo que em mim acaloram e danam.
Venha entre os deuses que dominam
trazendo a tua carne fremente e mais dura,
fira e lanhe como os que me fascinam
com a espada altiva que mais fura.
Invada minha carne como se meu dono,
comande como o gladiador mais afamado,
seja o meu Rei, que te dou os louros e o trono
dos heróis, te fazendo amante e meu amado.
Crive a minha carne com teus dentes,
arranhe com tua barba as minhas costas,
faça com que eu me curve e, entrementes,
me conquiste e em mim entre como gostas...

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Vem pro mundo


Vem pro mundo
Maria Quitéria

Eu te quero em minha cama
balançando o meu colchão
quero ser a mulher dama
que te açoita de tesão
quero ir, meio do mato
desnudando a minha anca
e no gosto do meu quatro
sentir dura a tua tranca
inté na água, toda nua
naufragar no teu melado
segurar na tua pua
no esporro do gozado
quero ir mundo afora
sendo tua e me deitando
quero mais te ter agora
vem com gosto, vem gozando...

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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Arrepio


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/a_flor_da_pele.mid

Arrepio
Maria Quitéria

É na lembrança da tua peleja
que meu corpo vive e dança,
nas noites suadas em que a bandeja
me ofertava o brilho da tua lança.
Teu vento levantando minha saia,
um menino crescido a brincar
de balões e canções d'uma laia
que só meu corpo podia alcançar.
É dessa lembrança que ainda vivo,
que faço a loa vendo teus olhos na tela
- na insônia da noite em seu crivo -
trazendo teu perfume na minha janela;
e a alma se põe a viajar em andança
num corpo náufrago de apelo
que levanta a onda que ainda me eriça
- o pêlo -

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CARTA DE AMOR A MARIA QUITÉRIA


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/mq_mquiteria2/sanda_duas.wav

Carta de Amor a Maria Quitéria
Zé Albano

C om fodas da lei em provocações

A coisa de pêlo dá emoções
R elatadas, a fazermos juntos um folhetim.
T e devo esse sonho, como dois e dois...
A cordando na cama, você goza para mim.

D entro do teu dentro inteiro
E m oração dizes: Papo o cacete primeiro.

A ntes de estarmos juntos na foda, sempre eternos.
M esmo nas tuas escolhas em retalho
O nde sobressai a ode ao caralho
R ouca e louca, na passarela dos mais ternos.

A ssim avanço a dormir contigo

M andado por ti, na dança comigo
A tinge-se o pecado capital na relação.
R imando versos profanos pela tua graça
I nspiro-me em ti, na foda e na raça
A ssim de quatro...atiçado em tesão.

Q uero mais...ouço na tua chuva de palavras.
U m desafio! Porque eu também quero foder...

I nquietam-me os plenos poderes no prazer que lavras
T odos os fragmentos de fragmentos, são a condizer.
E sforço-me na tua posição ousada e em pêlo
R elembrando fodas de bar na despedida.
I nquietos, no fim de festa vem um apelo
A uma Santa! Sem piedade a mais fodida...

O querido luso Zé Albano, em seu talento imenso,
compilou os títulos dos meus poemas e me ofertou
esse acróstico maravilhoso.
Visitem sua página no Recanto das Letras. É ótima.

http://recantodasletras.uol.com.br/poesiaseroticas/1126122

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Traz a lenha

Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/simone_lenha.mid

Traz a lenha
Maria Quitéria

Trago em mim uma ardente fogueira
que brilha no chão do deserto
a coxa que se abre ao incerto
o cheiro de mundana, rameira
Trago o leito arrumado ao amante
lençóis de um vermelho acetinado
a entranha com a força de um tornado
e a boca de beijo e dente
Se quiser, eu juro que te amo
faço o movimento da montaria
o sobe e desce da orgia
e na cama não te engano
Trago um gosto de hortelã e anis
o ventre que ondula em sim
o gozo jorrado, por fim
como quem aprendeu a ser feliz
Trago um desejo de deitar que assola
um aperto, uma chave de coxa e no seio
o leite que alimenta e bem no melado meio
um fogo que exaure, suga, consola...


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Deixe em paz meu coração




" Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa..."
(Chico Buarque)


Deixe em paz meu coração
Maria Quitéria

Meu amor não era posse. Era essência de caos e não há forças que dominem o caos. Nem que force. Meu amor não traía. Só doía. Eu o deixei livre como os rios que singram pela terra mudando leitos, mudando cursos e a fonte era tão cheia... Estava na veia. Meu amor transbordou e arrebentou barreiras, acreditou. Só não encontrou a quem prestar contas. Perdeu as pontas. Abriu janelas e portas, deixou luz de sol e lua entrarem. Se fartarem. Linhas tortas. Furou o teto para desenhar estrelas no chão. Era todo festa e tesão. Meu amor era tão bobinho. Usava roupa de linho, ficou todo amassado. Meu amor deixou o vento entrar e balançar cortina. Foi arrebentado. Depois quebrou a luz como o poste da esquina. Ele amava um poeta. Deu cor de asinha de borboleta, fez tanto carinho...

Ah, o meu amor... o meu amor amou sozinho.

Simultâneo:
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bichos


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/mq_mquiteria2/sob_medida.mid

Bichos
Maria Quitéria

Ele diz que sou gata arisca
mas vem e arrisca
uma arranhada nas costas
ele gosta do ungido
da leoa em seu rugido
e me faz umas propostas
diz que, de quatro, sou potranca
que ele quer e me desbanca
chamando ao seu cavalo
depois, que sou uma loba
daquela que não é boba
e agüenta até o talo
me chama de cadela
é cachorro que anela
e dá o nó bem gostosinho
mas ele gosta mesmo é da gata
que baderna, virando lata
e no seu peito, mia baixinho...

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Entre o silêncio e os desejos a me bastar


Conheça:
http://marcelabiasi.com.br/mebasta.htm

" Jurei mil vezes por dia

Ficar calada
Silêncio cheio de cores
Pra pintar a fantasia
Palavra que eu não podia
Dizer mais nada
Chorei na frente do espelho
Cada página virada
Desse amor
Sonhos, visões, medo
Te alcançar, te soltar
Voa…"
(Marcela Biasi / Zélia Duncan)

Entre o silêncio e os desejos a me bastar
Maria Quitéria

No espelho, te tenho na minha fantasia
te deitando a cabeça no colo,
carinhando de cores e orgia,
no pecado rasgado de cama e solo,
te sentindo nas entranhas,
nas devassidões que o corpo busca,
com as mãos dedilhando, estranhas,
passeando pelo delírio que ofusca
a realidade suada dos poros que pingam
orvalhos e gozos no tocar,
solta nos desejos que singram
as águas do meu gozar.
Te fantasiar na impossibilidade, guardando
um secreto onde inteira me lanço
e me solto, nua, com o ventre ondulando,
enquanto te tenho e me alcanço...

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