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terça-feira, 28 de abril de 2009

Nada além

Ouça:
 Frejat - Nada Além




Nada além
Maria Quitéria

Eu sou esse bicho doido
que corre perigo
que grita na calada
digo um monte sem dizer nada
tenho esse amor afoito
no piercing do umbigo

eu sou uma festa
aquela fresta
a cortina balançante
no quarto do amante
eu sou a lua que míngua
a língua
na boca cheia
sou a teia
impactante
eu sou esse bicho sofrido
fodido
difícil de acompanhar
fácil de lanhar
se o amor é corroído
vivo na alça de mira
do bandido
desacato
destrato
mato antes que fira
meu nariz metido
sou esse bicho arranhado
que arreganha
coxas e dentes
tenho esse lance escolado
sem fazer barganha
sem entrementes
bato, deixo marcado
sou mesmo um bicho...
exagerado.

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quem completará os meus versos?

Ouça:
 Marjorie Estiano - Versos Mudos



Quem completará os meus versos?
Maria Quitéria

A ausência é tamanha
que o verso capenga,
a rima foi pro espaço
como se um balaço
matasse a quenga
no romper da entranha.
A saudade é tanta
que a letra se perdeu,
como se o caminho
nunca tivesse sido ninho,
a fé fosse a de um ateu
e o frio não tivesse manta.
A dor é tão vasta e intensa,
o ciúme tão corrosivo,
que a certeza é um vão
a destruir qualquer tesão
de um desconhecido ser invasivo
que tenha uma lanha pretensa.

O piso tornou-se tão escorregadio,
como se ensaboado,
e assim eu me equilibro
como tivesse na cabeça o livro,
já num tom desbotado,
daquele poeta vadio.

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Conjuga(cão)

Ouça:
 Lacuna Coil - Entwined


Conjuga(cão)
Maria Quitéria

Vem aqui correr perigo
vem então deitar comigo
até o dia amanhecer
Vem numas de foder
se embriagar de meter
até a noite fazer lume
Vem sangrar o queixume
do peito morto de ciúme
que te busca sem cessar
Vem bem assim me pegar
nos meus furos atolar
até a sangria da carne
Vem provar do que arde
fazer gemer em alarde
até meu orgulho virar pó
Vem matreiro e sem dó
finca, mete, dá o nó
monta fundo em exarcebo

que eu quero é colar
e então só conjugar
esse nosso puto verbo...

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cadela vira-latas

Ouça:

 Roberto e Bethânia - Desabafo



Cadela vira-latas
Maria Quitéria

Abro as pernas, enlouqueço de tesão
penso em você... sobre, dentro
me masturbo com a mão
metendo o dedo no centro
Eu me fodo e gozo
escorro lágrimas e mel
e o que deveria ser gostoso
tem aquele gosto de fel
É que eu te quero comigo
me penetrando nos meios
com a língua no meu umbigo
e mordendo o bico dos seios
É que eu te desejo na minha toca
na cama da loba que arreganha
que te persegue e foca
tuas indecências na barganha
com tantas outras e eu me pego
de olhos fechados e gemendo
uns espasmos que eu não nego
são pra você que está metendo
com a puta do momento
enquanto eu me aporrinho
e dois dedos arrancam o tormento
de um gozo mal fodido, sozinho...

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Concordância

Ouça:
Isabella Taviani - O último anjo



Concordância
Maria Quitéria

Eu falo dessa dança
no mato
na floresta pagã
eu falo da tua lança
que eu engato
numa febre terçã
eu falo de beijo
melado, de língua
na perna aberta
falo do desejo
que nunca míngua
e vive alerta
eu falo de chupadas
de foda
de boca no bago
eu falo de lambidas
sem poda
fazendo estrago
eu falo do gozo
esporrado na boca
vertendo prazeres
eu falo ao gostoso
que me deixa louca
nos tantos meteres
eu falo de pica
de pau todo duro
de esporro na cama
eu falo em quem fica
e mete no furo
me chama de dama
eu falo do tal
que se enrosca na rua
com quantas quiser
eu falo ao venal
que tem sua pua
pra qualquer mulher
eu falo a ele
que goza no banho
e punheta por mim
eu falo de pele
eu falo de lanho
eu falo de sim.

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sábado, 4 de abril de 2009

Amor, dolorido amor...

Ouça:
 Paula Fernandes e Almir Sater - Jeito de Mato




Amor, dolorido amor...
Maria Quitéria


Enquanto cavalgo pelas campinas
e o vento me bate no rosto e nos cabelos,
sonho ver teus olhos pelas colinas
e quero meu pelo ao encontro dos teus pelos,
derramo águas no lombo do alazão;
são os suores das minhas íris esverdeadas
buscando um alento no trotado em tesão
pela tua ausência nas minhas cavalgadas
e o cheiro de mato impregna na minha pele
em sulcos de terra vermelha pelos meus seios
que, nus, balançam sem quem deles zele,
sem quem os beije em seus meios
e o corpo vai dolente no trote macio
adentrando às flores das montanhas,
chapiscando nos riachos de um cio
cheio de perfumes de sexo e manhas
e deito meu galope até te esquecer,
até voltar à estrada cinza do asfalto
e, urbana, viver de leis e arrefecer
o amor que calço junto ao meu salto alto...

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