Bicho Rei
Maria Quitéria
Ele vem e me arranha as costas,
já chega me levantando a saia,
me faz umas devassas propostas
e diz que eu sou da sua laia;
me coloca a mão no macio,
diz que é tempo quente de cio
e vai se deitando no chão;
me puxa como eu fosse tão leve
e eu monto nesse que se atreve
a imputar desvario tesão;
ele deixa o engate armado,
diz besteiras feito um tarado,
depois diz que é o meu dono;
me arranca águas bem quentes
enquanto me mete os dentes
nos bicos duros que entono;
ele tem esse jeito esquisito
é inteiro um homem bonito
quando deita assim pela relva,
se eu pudesse confessar, eu diria,
que ele é o Rei da anarquia;
o leão que me abate em sua selva...
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sábado, 30 de agosto de 2008
Bicho Rei
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Vem anjo, vem que eu te quero bem...
Vem anjo, vem que eu te quero bem...
Maria Quitéria
... assim, assim, todo safado
fazendo tua loa cruzar fronteiras
brincando com as rameiras
fazendo mais doce o seu trotado
desse jeito que só você faz;
mocinho com cara de bom rapaz,
bandido armado até os dentes:
capa, espada, asas e entrementes
tem importância nada, não, meu amor
- com você é só love, só calor -
nada de tristezas, ciumeira, melancolia
com você é gozo, farra e poesia
vem sim, vem que eu te quero bem
com esse jeitinho que só você tem
com tua ginga marombeira de santo;
os pés de barro e despido do manto...
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Suspirando... só de pensar...
Maria Quitéria
Imagino ele chegando de repente,
vindo sem nem me avisar,
e eu passo a língua no dente
pensando o que ele vai achar
da surpresa que eu guardei pra ele,
no invólucro da carne mais densa,
- uma flor perfumada na pele -
tatuada ao olor da presença
e me pego em suspiros mais loucos,
nos calores que o inferno provoca,
entremeados de gemidos roucos
ansiando um beijo na boca...
Sampa, 27.08.2008 16:40hs
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Tão gostosa...
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Tão gostosa...
Maria Quitéria
... a palavra que estica como elástico
tem um jeito todo próprio no seu cerne
é aquela feito cobra no bombástico
uma pantera que não há quem a governe
é palavra intumescida de sangue e veias
imprevisível em seu levante mais altivo
ela tasca e vem com gosto pelas teias
dos pêlos negros entre o racho atrevido
faz a dança toda elástica em identidade
num movimento de calor mais ardoroso
ela lanha tudo em volta com alarde
num feérico entra e sai muito gostoso
tem mistério sua passagem na floresta
vai ao âmago com seu jeito orgulhoso
deixa um rastro todo quente pela fresta
é de um gênero muito próximo ao Tinhoso...
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Enlace
Enlace
Maria Quitéria
Quanto, enfim, me tocares com a boca,
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O Cara
Maria Quitéria
Ele me fareja
me sente quando eu chego
ele é o meu Nego
o gostoso da peleja
Ele sabe todo o mote
é bicho traiçoeiro
vem todo faceiro
e dá o bote
Ele tem gosto de farra
é menino bandido
me dá um perdido
e me pega na marra
Esse cara é tudo de bom
tem esse jeito macio
me deixa no cio
só com seu tom
Ele é inteiro manhoso
uma delícia em ação
seu nome é tesão
e o sobrenome... gostoso...
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sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Toque-me...
" Nós estamos começando
nós estamos fazendo o caminho para o destino...
... então, baby, deixe a sua consciência ir
não há volta quando o amor está seguro
me abrace, baby, me dirija à loucura
toque-me a noite toda..."
(Touch me Alicia City)
Toque-me...
Maria Quitéria
... firme entre as duras coxas luzidias,
entre minhas pernas que te chamam,
toque-me com tua língua de ambrosias
e teu falo que em mim acaloram e danam.
Venha entre os deuses que dominam
trazendo a tua carne fremente e mais dura,
fira e lanhe como os que me fascinam
com a espada altiva que mais fura.
Invada minha carne como se meu dono,
comande como o gladiador mais afamado,
seja o meu Rei, que te dou os louros e o trono
dos heróis, te fazendo amante e meu amado.
Crive a minha carne com teus dentes,
arranhe com tua barba as minhas costas,
faça com que eu me curve e, entrementes,
me conquiste e em mim entre como gostas...
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Vem pro mundo
Vem pro mundo
Maria Quitéria
Eu te quero em minha cama
balançando o meu colchão
quero ser a mulher dama
que te açoita de tesão
quero ir, meio do mato
desnudando a minha anca
e no gosto do meu quatro
sentir dura a tua tranca
inté na água, toda nua
naufragar no teu melado
segurar na tua pua
no esporro do gozado
quero ir mundo afora
sendo tua e me deitando
quero mais te ter agora
vem com gosto, vem gozando...
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quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Arrepio
Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/a_flor_da_pele.mid
Arrepio
Maria Quitéria
É na lembrança da tua peleja
que meu corpo vive e dança,
nas noites suadas em que a bandeja
me ofertava o brilho da tua lança.
Teu vento levantando minha saia,
um menino crescido a brincar
de balões e canções d'uma laia
que só meu corpo podia alcançar.
É dessa lembrança que ainda vivo,
que faço a loa vendo teus olhos na tela
- na insônia da noite em seu crivo -
trazendo teu perfume na minha janela;
e a alma se põe a viajar em andança
num corpo náufrago de apelo
que levanta a onda que ainda me eriça
- o pêlo -
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CARTA DE AMOR A MARIA QUITÉRIA
Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/mq_mquiteria2/sanda_duas.wav
Carta de Amor a Maria Quitéria
Zé Albano
C om fodas da lei em provocações
U m desafio! Porque eu também quero foder...
O querido luso Zé Albano, em seu talento imenso,
compilou os títulos dos meus poemas e me ofertou
esse acróstico maravilhoso.
Visitem sua página no Recanto das Letras. É ótima.
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiaseroticas/1126122
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Traz a lenha
Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/simone_lenha.mid
Traz a lenha
Maria Quitéria
Trago em mim uma ardente fogueira
que brilha no chão do deserto
a coxa que se abre ao incerto
o cheiro de mundana, rameira
Trago o leito arrumado ao amante
lençóis de um vermelho acetinado
a entranha com a força de um tornado
e a boca de beijo e dente
Se quiser, eu juro que te amo
faço o movimento da montaria
o sobe e desce da orgia
e na cama não te engano
Trago um gosto de hortelã e anis
o ventre que ondula em sim
o gozo jorrado, por fim
como quem aprendeu a ser feliz
Trago um desejo de deitar que assola
um aperto, uma chave de coxa e no seio
o leite que alimenta e bem no melado meio
um fogo que exaure, suga, consola...
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Deixe em paz meu coração
(Chico Buarque)
Deixe em paz meu coração
Maria Quitéria
Meu amor não era posse. Era essência de caos e não há forças que dominem o caos. Nem que force. Meu amor não traía. Só doía. Eu o deixei livre como os rios que singram pela terra mudando leitos, mudando cursos e a fonte era tão cheia... Estava na veia. Meu amor transbordou e arrebentou barreiras, acreditou. Só não encontrou a quem prestar contas. Perdeu as pontas. Abriu janelas e portas, deixou luz de sol e lua entrarem. Se fartarem. Linhas tortas. Furou o teto para desenhar estrelas no chão. Era todo festa e tesão. Meu amor era tão bobinho. Usava roupa de linho, ficou todo amassado. Meu amor deixou o vento entrar e balançar cortina. Foi arrebentado. Depois quebrou a luz como o poste da esquina. Ele amava um poeta. Deu cor de asinha de borboleta, fez tanto carinho...
Ah, o meu amor... o meu amor amou sozinho.
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Bichos
Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/mq_mquiteria2/sob_medida.mid
Bichos
Maria Quitéria
Ele diz que sou gata arisca
mas vem e arrisca
uma arranhada nas costas
ele gosta do ungido
da leoa em seu rugido
e me faz umas propostas
diz que, de quatro, sou potranca
que ele quer e me desbanca
chamando ao seu cavalo
depois, que sou uma loba
daquela que não é boba
e agüenta até o talo
me chama de cadela
é cachorro que anela
e dá o nó bem gostosinho
mas ele gosta mesmo é da gata
que baderna, virando lata
e no seu peito, mia baixinho...
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Entre o silêncio e os desejos a me bastar
Conheça:
http://marcelabiasi.com.br/mebasta.htm
" Jurei mil vezes por dia
Entre o silêncio e os desejos a me bastar
Maria Quitéria
No espelho, te tenho na minha fantasia
te deitando a cabeça no colo,
carinhando de cores e orgia,
no pecado rasgado de cama e solo,
te sentindo nas entranhas,
nas devassidões que o corpo busca,
com as mãos dedilhando, estranhas,
passeando pelo delírio que ofusca
a realidade suada dos poros que pingam
orvalhos e gozos no tocar,
solta nos desejos que singram
as águas do meu gozar.
Te fantasiar na impossibilidade, guardando
um secreto onde inteira me lanço
e me solto, nua, com o ventre ondulando,
enquanto te tenho e me alcanço...
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terça-feira, 5 de agosto de 2008
Na medida do impossível
Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/simone_cordilheira.wav
Na medida do impossível
Maria Quitéria
Dou de mim o insondável
o mapa do infindável
a que você desvende o mistério
arrisco um adultério
na lua que me ronda prateada
me faço inteira alada
na pergunta depois das respostas
antes de te virar as costas
ofereço as colunas do meu templo de alabastro
dou o que assino e meu lastro
na cadência que ao homem fere;
o desassossego que destempere
o dilema do certo e o errado
- o meio e o lado -
entre a metade e um inteiro
do teu ser posseiro
só guardo uma última carta na manga;
o poema a ser decifrado na pele
aquele:
- uma navalha para a canga.
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domingo, 3 de agosto de 2008
Senhas
Ouça:
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"Eu gosto dos que têm fome
(Adriana Calcanhoto)
Senhas
Maria Quitéria
Deito o salto pelo teu corpo liso
mordo, arrepio, piso
faço um estrago na cama
rolo com o gosto da lama
eu tenho o prazer das mundanas
das mulheres sem senso
faço as coisas que eu penso
e gargalho o riso das soberanas
que mandam e são obedecidas
que se fartam e são atrevidas
que se deitam e se deleitam
saboreiam e enfeitam
a cama de tesão
o chão
o mato
no ato
eu deito ao gosto da fome
faço estrago
lambo o bago
mato o que me come
vou onde a força me leva
onde o desejo me entrega
eu finco o salto e me atrevo
faço o que eu quero e o que eu devo
te deixo maluco, provoco
porque o gostoso, amor, é o troco...
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Negro
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/black.wav
Negro
Maria Quitéria
Quero a dor, a força bruta da tua mão,
o peso dos teus músculos encostando,
a parede vencendo a força da razão,
- teu sexo brilhante, apontando -
quero sentir o impacto dessa luta,
as costas arranhadas, arriar feito puta,
sucumbir até não restar mais voz;
gemer no prazer do engate, dos nós,
sentir o lanho da mão áspera e branca
misturada no branco da minha anca,
o vergão vermelho da mão espalmada,
a vermelha pingando de prazer, esfolada.
Eu te quero, Negro, na dor que antecede
a volúpia em luxúria no farto do ato
onde a pele estica, rasga, cede
ao falo mais duro de veias onde me mato
e vivo e reviro os olhos no grito deliciado,
- no palavrão de mundana de gueto -
em delírio do gozo escorrido e viciado,
ao prazer espelhado do meu branco no teu preto.
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sábado, 2 de agosto de 2008
Uma madrugada de tempo parado
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/os_amantes.mid
Uma madrugada de tempo parado
Maria Quitéria
Vou te encontrar na hora da madrugada
- quando o sol estiver tímido e sem jeito -
te aconchegar no calor do meu peito,
te trazer pra minha cama e não dizer nada.
Lanhar tua carne com a unha pontuda,
saboreando os arrepios das tuas costas,
sentindo o fremir brilhoso da tua taluda
no deslizar dos dedos, como tu gostas.
Me curvar para a língua passear macia
na extensão dos teus nervos mais duros,
saborear teu gosto exalado no cheiro que vicia,
escanhoar, no dente, teus pêlos e teus furos.
Carinhar teu mamilo com a ponta do dente,
prometer, ouvir teu gemido até a exaustão,
bebendo teu leite da fonte mais quente,
jorrado nos meus lábios fibrilados de tesão.
Vou te amar montada até o sol se pôr a pino,
exaurir tua vontade de mim dentro da entranha
e ir-me, num novo raiar de dia, sem destino,
sem nome, sem endereço, como a última estranha...
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008
'My eyes are of the tiger'
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'My eyes are of the tiger'
Maria Quitéria
"É o olho de tigre
Você diz que não tenho freio
e que sou a tua favorita
a danada, a mais bonita
a que te puxa o arreio
você quer o embate na cama
diz que eu sou a tal
que o meu fogo te inflama
e que eu sou toda bicho, animal
que meus olhos te transtornam
meu corpo te enlouquece
que sou das que entornam
o gozo que no teu pau estremece
você quer o sexo alucinado
quer me emaranhar na tua rede
fazer a onça sangrar no miado
e, mais louca, subir pelas paredes
você quer umas coisas assim
e me instiga, me provoca
fica num embate sem fim
a que eu saia da minha toca
tu é um matuto, lutador danado
- feroz de beira de esquina -
querendo o balanço adoidado
na rinha onde meu rabo empina...
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