AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

segunda-feira, 30 de março de 2009

Soneto Erótico

Ouça:
 Zeca Baleiro - Soneto Erótico




Soneto Erótico
Maria Quitéria & Zeca Baleiro (brincadeira...)

Aos quinze eu já sentira o gosto
dos dedos e de algumas grossas nas coxas,
já tinha empinado os peitos e o rosto
e, no pescoço, tinha umas marcas roxas;

aos dezoito, era bela como uma fada,
manequim, modelo, falsa magra e coisa e tal,
tinha fila de meninos querendo uma foda,
mas eu ainda me mantinha virgem, afinal;

depois fui aprendendo os delírios do prazer
e dedos e pau nas coxas já não mais satisfazia
até que encontrei o homem certo pra meter,

e pra ele eu dei com gosto, como uma potra,
vivi o orgasmo de um pau, como fosse orgia,
e aprendi o gosto de uma foda atrás da outra.
(Maria Quitéria)

15 anos eu passara os primeiros da vida
Sem ter sabido nunca o que era esse furor
Em que a dança do cu deixa na alma um torpor
Após a ânsia viril na cona ser remida

Não que a morte tão doce, tão apetecida
Não me impelisse um forte e juvenil ardor
Mas o membro que eu tinha, embora lutador
Não chegava a deixar a dama bem servida

Trabalho desde então com pertinácia rara
Por compensar a perda e o tempo que não para
Pois o sol no poente ameaça os meus dias

Oh Deus venho rogar-te meu zelo ajudai
Para tão doce agir meus anos alongai
Ou devolvei-me o tempo em que ainda eu não fodia
(Zeca Baleiro)

Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dançando na tua chuva

Ouça:
 Roberto Carlos - Amato Amore




Dançando na tua chuva
Maria Quitéria

Eu quero um canto soberano
um canto mundano
um rasgar de panos
e danos
uma música bem brega
quero o romper das pregas
sangrado a navalha
num esporro que valha
e cantarolar o roberto
deixar todo aberto
o canal entre as pernas
no dial da estação
vertendo tesão
noutros manguezais
ser como animais
na cópula da rua
andar toda nua
com os pelos ao vento
fincar de cimento
teu falo na carne
mostrar como arde
o inchaço do gozo
beijar mais gostoso
na anarquia da cama
ser mulher-dama
de salto e peito
vagar pelo leito
com fogo e chamas
enquanto me chamas
e vou toda puta
no meio da luta
dessas transversais
mudar os canais
romper corpo afora
mordendo tua coxa
deixando uma roxa
no bate-estaca
tombado no estio
entre o coito e o cio
que em águas debanda
na coxa mais bamba
que teu duro devora...

Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

Amor fiado na pele

Ouça:
 Gal Costa - A linha e o linho





Amor fiado na pele
Maria Quitéria

Quando você chega
meu coração toa como uma zabumba
faz quizumba
como se todo o povo
de novo
batesse nos atabaques
e quase tenho um ataque
um infarto
um parto
de gata siamesa

Quando você vem
os raios de sol passam
por entre nuvens
e os clarões se arrastam
pela minha pele
brilhando na mão
como se furando em flechas
de Sebastião
e derramo as tempestades
de saudade
no gozo no chão
como quem não tem vintém

Quando você me junta de poesia
e faz essa orgia
de canto e desejo
pede beijo
mordidas e sofreguidão
minha nuca arrepia
o suor desce e salpica
bordados de folia
na pele que clama
o que tanto ela ama
como a língua que fica
bailando na tua boca
como agulha e linha
tear e pano
cosendo sonhos de louca
em pontos de amor pelo dia

Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

quarta-feira, 25 de março de 2009

Absoluto

Ouça:
 Vanessa da Mata - Amado



Absoluto
Maria Quitéria

eu te quero
como para respirar
eu te preciso tangendo
meu corpo duro
vivo de te amar
ardendo pelo furo
onde te espero

eu te necessito
no bater do coração
no tum-tum-tum em desassossego
da paixão
que não nego
mas que tanto evito

eu te preciso na mão
na pele molhada
cunhada
no êxtase e paixão
no risco de dividir
como se outra fosse parir
o filho que tenho no ventre
que vive rente
e está entre
meu corte vermelho a ferir

eu te embalo num dois pra lá
me deixo levar nos teus braços
na música que você cria
na teia que fia
nessa dança dos passos

eu te tenho, ainda que não,
eu te recordo, ainda que sozinha,
eu me recupero
me conserto
eu te espero
no desacerto
daquela rua
que é via do teu tesão

Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

Cão

Ouça:

 Nina Simone - Do I Move You?


Cão
Maria Quitéria


Ele me fareja como um cão vadio
me encontra, me desconcerta
ele me acerta
no meio, nas coxas em cio

ele me cheira e lambe meu gosto
faz exalar meu gozo secreto
ele me faz gemer gostoso
no sonho do torto ao encontro do reto

ele me quer com paixão
com o desejo dos machos que metem
entre as fendas das fêmeas
ou na mão,
como os que punhetam...

Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

Respirando nas águas do (in)findo do teu amor

Ouça:
 Maria Bethânia - Debaixo d'Água - Agora




Respirando nas águas do (in)findo do teu amor
Maria Quitéria

... você vem e a minha vida enlouquece
o corpo fica em chamas
como o das damas
que se dão ao que entorpece
como o da meretriz
que vive por um triz
nas esquinas
correndo perigo
como o das pequenas meninas
sem ter abrigo

você chega e o verso deságua
a saudade bate no peito
há a derrama da água
caída do olho à boca
escorrendo no leito
onde fico louca
esqueço a solidão
e misturo outras águas na paixão

você me vem e me abandona
e eu acabo dando bandeira
quando a torrente da cona
enxurra como a de uma rameira
e o que deveria ser um sussurro
soa como um urro
nos gemidos que sobem
te querendo meu, macho e homem...

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria

terça-feira, 24 de março de 2009

Mais que meu tempo

Ouça:
 Nana Caymi - Não se esqueça de mim




Mais que meu tempo
Maria Quitéria

Mesmo quando meu dia arrebenta
e eu sigo, alheia, sem dormir,
quando o fogo da minha magenta
é chama quase a se extinguir;
é em você que meu sono dorme,
é em tua lira que meu desejo se impõe;
as pernas se abrem cheias de fome
e gozam a poesia que você compõe.

Mesmo quando meu corpo se faz cansaço,
quando a dor do dia em meu coração irrompe,
te sinto no afago do meu braço,
no gozo que escorre e me corrompe;
aos delírios de imaginá-lo duro e teso
me acariciando e enxurrando as águas
lambendo o que me banha, sem ter peso,
vertendo poemas das coxas sem mágoas.

E é nessa hora que a hora se faz mais doce,
como se o tempo extinguisse dos ponteiros,
como se, tua, eu pudesse ser e fosse,
na vida, na eternidade, nesses travesseiros...

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria