AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Quer me namorar?



Quer me namorar?
Maria Quitéria

Se você me quiser, eu te prometo
vou te dar aquele trato gostoso
fazer serviço do bom e bem completo
com cheirinho de colo em abraço carinhoso
também te banho com umas flores
que eu planto no fundo do quintal lá de casa
besunto tua pele com óleo de mil amores
e cuido bem direitinho das penas da tua asa
incenso tua pele com arruda e guiné pra proteger
e acendo umas velas de muita fé e desterro
afasto tudo o que te pode tanger
e as forças ruins, te juro, eu enterro
te canto umas cantigas que aprendi na roda
faço circo, conto piada e bebo uma
brinco do que você quiser e na hora da foda
te dou aquela chave de coxa, como nenhuma
também te acarinho com a língua macia
numas de bolir com teu desejo manhoso
deslizo, com ela, na maciez que acaricia
e depois faço sexo de braseiro, escandaloso
te deixo descansar até que se refaça
enquanto te carinho com lábios de cotovia
te deixo inteiro outra vez pra entornar a taça
das coxas abertas que te mostro com alegria

se você me quiser, vem que eu te recebo
te abro a casa e mostro o sol do meu quarto
te deito no meu lençol de lua e ainda te bebo
depois que me tiver no inverso do parto...

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Eu?


Eu?
Maria Quitéria

Em meio a tantas musas,
as belas, as sorridentes,
as que se intitulam lindas;
sou só a Pomba das encruzas
a ranger os dentes
quando o gozo finda.
Em meio as puritanas,
as que se explicam,
as que são sacanas,
as que cobram e se excitam;
sou só uma fodedeira,
puta de zona,
dona da cona,
e me intitulo: rameira.
Em meio as diplomadas,
as que são professoras,
as de casa e de vassouras,
as pobres mal-amadas;
sou só uma anarquista
que busca a conquista,
faz da cama o teatro
e gosta de ficar de quatro.
Em meio as moças boazinhas,
as que só conhecem as paredes,
as futriqueiras vizinhas,
as que dizem não dar pelas redes;
eu sou a pior das vagabas,
ralé, vulgar e sem freio,
dou gostoso, dou risada
e tenho um puta tesão no seio.
Em meio às favoritas,
as marias e as ritas,
as ferinas e as feras;
sou só uma boa mulher,
que fode quando quer
e que, às vezes, é sincera...

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sexta-feira, 25 de julho de 2008

Delicioso...


Delicioso...
Maria Quitéria

... como morder uma fruta saborosa,
como tostar a pele numa dolente praia,
como ter essa pica assim esplendorosa,
mostrada em prazer em toda a sua raia

delicioso...
como o gosto do orgasmo na língua,
como o sêmen jorrado entre os seios,
como o prazer, que de forte, me míngua,
como abrir as coxas e os meios

delicioso...
como esse homem que me vem
com a força do tesão e inteiro duro,
fazendo com gosto e fazendo tão bem,
que a ele nem nego o apertado furo

delicioso...
com gosto de quero mais
orgulhoso,
tesudo demais...




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domingo, 20 de julho de 2008

Se eu tivesse um pau




Se eu tivesse um pau
Maria Quitéria

Ele estaria sempre pronto
seria um garanhão comedor
daqueles de coice, feito potro
um pau incansável e bandido
cheiroso, cabeçudo, atrevido
pau pra ser carregado no andor
Ia ser um pau bem aclamado
pau fodedor, pau bem safado
de melar e chamar no tento
pau de criar invento
de comer freira, santa e puta
pau encrenqueiro, de luta
pau de não vestir cueca
todo levado da breca
de suar a camisa do time
pau de Angola, bem firme
metaleiro e trincador
pau de encarar as esfolas
de meter até as bolas
pau de arregaçar frente e fundo
mas como nada é perfeito
eu tenho um par de peito
e umas coisinhas mais brandas
que aplacam a fome do mundo
e pela alma das propagandas
mesmo não tendo um assim
com minha coisinha sem graça
acabo ganhando, na raça
um monte desses pra mim...

[Ha ha, Freud com aquele papo de inveja...]



quarta-feira, 16 de julho de 2008

Derretendo satélites


"Abro com as mãos, te deixo olhar

Te levo pra dentro devagar
Sempre venho aqui nesse lugar
Tomar xerez da tua boca
Provar o sal do mar, mostrar um verso
Provar um amor eterno
Onde a sua mão está agora
a minha você sabe bem
Quanto mais tempo demora
mais violento vem..."
(Paula Toller/Herbert Viana)

Derretendo satélites
Maria Quitéria

Eu te ensinei a brincadeira
dessa coisa de mato adentro
de dançar pra lua, dizer besteira
fazer do vento a roupa e o ungüento.
Te mostrei como voar sem asas,
como viajar pelas casas
da sofreguidão.
Tanto segredo. E o medo
da mão exposta e melada
dei a chave do peito arfando, o dedo
e o gosto que isso tudo dava.
Os sonhos noturnos e os lençóis molhados,
os sóis nos olhos e o gosto de mastigar a terra
- bailarina de pisar nos semens gozados -
armando cilada onde o delírio encerra.
Cortei a carne e mostrei o sangue
do pacto, da promessa,
te levei pra pescar no mangue
no entra e sai do gozo. Gostoso à beça.
Deixei a janela aberta
pra você ver a cortina balançando,
dei uma incerta
pra você ficar louco me caçando,
adoecendo.
Te ensinei a roubar chicote e a bater
e como se pode foder
sem sair do lugar
sem mexer
metendo
bebendo emoção de tragar.
Sei não, te mostrei que podia ser devagar,
ninguém tem pressa. Não acaba.
E tem todo um gingado pra balançar (depois)
mas acho que você não entendeu nada,
o fácil do um em nós dois...


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terça-feira, 15 de julho de 2008

Meu nome tatuado


Meu nome tatuado
Maria Quitéria

Tem coisas doidas. Presentes de um amante ao outro, mas ver meu nome tatuado no falo dele me fez tão mais tesuda, tão mais gostosa; a dona dele. Ele me deu o prazer de ser sua dona. A mulher que ele deseja e assume, até no membro. Eu, que sempre fui rainha com escravos, com a ponta do salto em muita coxa, permiti que esse homem, o que escreveu meu nome no seu falo, fosse meu dono e Senhor nessa noite. Me permiti ser escrava em coleira. Me subjuguei e aceitei. Obedeci.
Homem de encantos muitos, de força tamanha e uma devassidão sem limites. Homem dos desejos mais loucos, das invenções de cama e mesa, das surpresas e da gentileza, do prazer partilhado, mas sempre ele, o homem, o que acaricia e não bate.

Fui a escrava dele por uma noite. Deitei de bruços, aceitei seu peso, seu adentrar em meu corpo sem poder me mexer e obedeci ao seu comando: - urra leoa! E eu urrei. Urrei de prazer e gozo. Urrei de tesão e desejo. Urrei e nem me mexi.
Depois me virou e pincelou a fenda com o escorrido do sêmen vendo meus olhos escurecerem pelo prazer do gozo. Me dominou com a força das mãos e com o falo inteiro dentro de mim em movimentos rítmicos, mandou de novo: - uiva loba! E eu uivei. De prazer e loucura. De êxtase.

Tem coisas doidas nessa vida. Mas ver meu nome no falo dele, me fez jogar os saltos pela janela. Rainha? Quem se importa. Escrava, sim, com muito prazer.

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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sem piedade




Sem piedade
Maria Quitéria

Era a tua chama a queimar camas e gretas
e era só você, um único, você, você e tantas
apenas um homem a incendiar seios e bucetas
a distribuir calor oferecendo faca e mantas
a sangrar os peitos com flechas de Sebastião
a brincar, covardemente, de tesão com uma nota só
fechando loas de sexo de uma para um montão
com a palavra roubada por um homem sem dó
e então ela chegou, leoa, e te derrubou
ela veio e te mostrou a dor do trisco da navalha
fincou no teu peito a adaga da tua mentira e te matou
sangrando tua carne com o ciúme que talha
e, sem ter a mesma piedade das santas
trançou a teia mortal com coxas e pêlos
fiando, na aranha, umas outras mantas
e se fez viúva negra do teu amor e teus novelos.

Veio ela e te caçou pelas matas e foi Florbela
se fez outra e te bebeu o sangue e se lambeu
te deu o seio e a nudez da loba mais bela
foi o instrumento que você dedilhou e fodeu
depois se foi, com a magia que tinha nos olhos
levou o cheiro das rosas da tua cama e os molhos
que melavam a tua colcha dos gozos que rompeu
e te deixou mudo, num redemoinho, incrédulo,
sem o balanço das ancas da Pomba que ainda dança
na encruza e gargalha nos prateados de lua e pêndulo
bebendo teu sangue no doce cálice da vingança.

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domingo, 13 de julho de 2008

Adoro te imaginar mesmo sem ter te visto


Ouça:

http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/coracao_na_boca.mid

Adoro te imaginar mesmo sem ter te visto
Maria Quitéria

Nas noites em quem me deito galopeira
- peã das cercanias de um agreste acalorado -
onde te sonho no bater do vento na soleira
e meu corpo sua ondas de um tesão desarvorado
nos frêmitos em que a perna até bambeia
e as costas se flexionam de encontro aos dedos
o sangue flui pelas entranhas e pulsa a veia
com teu nome escondido em meus segredos
adoro te imaginar mesmo sem ter te visto
sem ter na narina o teu cheiro, que adivinho,
desnudo da roupa e na fantasia com que te visto
derramando sêmen e um pouco de vinho
entre as minhas carnes que se abrem sem trinco
no meu céu de zinco furado a passar estrelas
o pêlo marcado na vermelha, formando um vinco,
e teu guloso olhar nas coxas onde atrelas
tua imaginação cavalgando junto à minha
fechando em loas o tesão mais louco dessa vida
o corpo esperando como quem aninha
na pele arrepiada dessa paixão atrevida
que balança as cortinas da fantasia e sente
na carne, o lanho e a força do impacto
dos corpos lutando a batalha do amor tão rente
e no gozo que partilhamos como um pacto.

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Dentro da minha poesia...


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/carne_e_osso.mid

"... E saiba quem agride a minha lira

Quanto mais ferida, mais diz o que sente
Ainda vou ouvir você dizer pra mim, eu amo sim
Sou carne, sou osso, sou gente."
(Taiguara)


Dentro da minha poesia...
Maria Quitéria

... mora uma louca que sai pela madrugada
buscando o prazer da carne e do osso,
uma insana que tem a alma escancarada
e se atira rindo e de cabeça dentro do poço;
ela vai ao alcance de mãos que rasgam,
de corpos que pulsam com o sangue da veia
levando desejos nas liras que tragam
e uns galopares das éguas sem peia;
dentro da minha poesia tem um ser que levita
alcançando céus e estrelas onde integro
tantas rimas eternas, benditas, na voz da maldita,
da dançarina da lua, em seu manto negro
que gargalha no eco do cosmo e abençoa
os poetas desnudos de vergonha e medo,
faz coro com os anjos e deita na harpa sua loa,
ao novo, ao que não engana em segredo;
dentro da minha poesia eu saio vestida de nudez,
mostro quem sou e sorrio da cara deles
que avermelham e escondem a hipócrita tez,
fechados em suas paredes tão reles;
dentro da minha poesia eu te chamo ao duelo
te inflamo e te faço entender que o mundo
não é um cabide carregado de roupa numa modelo,
é carne, faca, fio de navalha, pão, buraco fundo...

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sexta-feira, 11 de julho de 2008

De boca


De boca
Maria Quitéria

É com gosto que eu lambo
mordo
passo a língua
é com gosto que eu descambo
rebordo
deixo à míngua

é assim com a luxúria
que me entrego toda noite
entre as bordas no açoite
do teu falo todo em fúria

é com gosto que eu chupo
que engulo
e satisfaço
é com a boca que ocupo
estimulo
até o bagaço

é desse jeito, com prazer,
que te oferto uma gulosa
inteira pr'eu beber
numa punheta de boca
deslizando na piroca
... bem gostosa...


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Sou eu...


Sou eu...
Maria Quitéria


... que entro pelas tuas madrugadas
como os sonhos que se colorem
nos prazeres das galopadas
nos semens que escorrem
e vou deitando entre teu corpo pagão
me enfiando nos teus lençóis
levantando teu pau de tesão
te fazendo gozar luas e sóis
é na madrugada que eu te chego
que te quero devasso e garanhão
que te cubro com meu pelego
de pêlos, sexo, e sofreguidão
onde me sente e deseja como louco
onde comete os pecados mais vis
sou a bandida que te rouba um pouco
o gozo que por mim esporra, todo feliz...

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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Todo o sentimento


Ouça:

Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu..."
(Chico Buarque / C. Bastos)


Todo o sentimento
Maria Quitéria

Em nós fomenta a química da pele e da loa,
tua poesia verte aos segredos na minha vida,
dança pelas minhas coxas, me faz toda boa,
entre as pernas, nas entranhas, mais perdida.

Tua voz fala da canção que eles cantam ao vento,
porque é minha, como é minha a tua inspiração,
é meu o teu deleite, teu verso, secreto pavimento;
minha parede, meu teto, minha casa e meu chão.

Teu sentimento é o mais puro e tanto me oferta,
que me dou e me dôo aos teus loucos rompantes,
como quem já te amou pela eternidade aberta;

no antes, no hoje e no amanhã que é tão nosso,
que partilhamos e dividimos, sendo mil amantes,
no teu ser posseiro de mim, por mim que te posso.

Simultâneo:

É por você, só por você


É por você, só por você
Maria Quitéria

Agora eu quero te falar do desejo que eu sinto
e da vontade de te ter nos meus braços
do delírio, o tesão, a vontade que eu não minto
de me deitar em lençóis macios e tão lassos
dos sonhos noturnos de poesia e sexo
os dedos te buscando entre as minhas dobras
meu gozo derramado, urrado, todo sem nexo,
a língua lambendo o melado das sobras;
hoje quero te falar o quanto eu te desejo
o quanto eu te quero entre as minhas pernas
entrando e saindo, viril, tão mais duro
querendo tuas palavras versadas e mais ternas,
sussurradas no meu ouvido e no meu escuro;
o quanto eu daria se te encontrasse em minha cama
se deitasse tua poesia no meu corpo aquecido
se rolasse comigo como eu fosse a mulher dama
sem preço, sem destino, só vivendo o teu bandido
a me dizer coisas profanas e a me bater na cara
me esfregando o teu corpo já melado e gosmento
satisfazendo em nós essa loucura e essa tara
e que me curasse desse amor com seu ungüento;
hoje eu quero te dizer o tanto que já fiz de orgia
o quanto deitei e rolei chamando o teu nome
queria que soubesse desse desejo-amor-volúpia-folia
que sinto por você e que tanto me consome...


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terça-feira, 8 de julho de 2008

( y )


( y )
Maria Quitéria

Eu trago o sol nas entranhas
um calor devasso de volúpia
mexo devagar, nas manhas,
com os tentáculos de uma rúpia
a te conduzir no quente das ondas
com algas que enroscam no teu falo
pulsando e apertando o gargalo
que desliza pelas minhas redondas;
fartas coxas ao teu duro pincelar
tela viva ao movimento da modelo
que oferta cores em seu pêlo
e no vermelho que vive de inchar.

Eu trago o sol nas entranhas
e aqueço de luxúria a tua carne
nas gotas corridas em que lanhas
com a língua áspera em desencarne
fomentando gozos e melados
sóis amargos entre a perna aberta
dançando luas nas ancas em lados
queimando de ardor a tua seta...


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O poeta que me habita


O poeta que me habita
Maria Quitéria

O poeta que me habita é gato de telhado;
pula cercas, muros, chuta latas, tem miado
faz orgias nas estrelas, chora mentiroso.
Ele é vagabundo, risonho, todo manhoso,
tem amores e paixões como quem canta;
dedilha notas no violão e tenta e espanta:
soninhos leves, tesões breves e solidões.
O poeta que me habita mora num palco;
é glorioso e vai a luta, baixa a saia, vira puta,
é um mutante de mil faces, não tem recalco,
faz da vida uma noite sonhada e sonha a vida
como um andarilho, maltrapilho, rico de filho,
como um rei, não tem lei, nem aceita mando.
O poeta que me habita desacata e enfrenta,
faz loas, cantigas, sonetos e é tão dissimulado,
que nas mil caras de palhaço que apresenta
tem sempre um risinho mentiroso e debochado
como os que não têm arreio, freio ou comando....

Sampa, 08.07.2008 14:00hs

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Poesia on line
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domingo, 6 de julho de 2008

Pode ser


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/ver_nica_sabino___can__o_ii.mp3

"...Porque tu sabes que é de poesia

Minha vida secreta.
Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta..."
(Hilda Hilst)

Pode ser
Maria Quitéria

Talvez seja melhor que eu não o sinta
que não prove das delícias que me prometestes
que não me deite ao prazer, mesmo que já minta
que não sonho de novo o calor que tu me destes
talvez minhas coxas não necessitem
do impacto das tuas, tão pesadas e duras
que meus seios túrgidos não se excitem
com a língua áspera nos bicos em fissuras
que meu ventre não aplaine com teu peso
nem minhas entranhas recebam o leite
do homem que me sonha pelas noites mais teso
e que me acaricia em versos ao seu deleite
talvez seja melhor que meu perfume
continue secreto ao olfato de tuas noites
que não te inebrie com o focar do lume
dos meus olhos que ferem em verdes açoites
talvez, sim, talvez seja melhor que eu não saiba
do deslizar do falo entre as minhas pernas
que eu não goze no gemido que talvez nem caiba
entre lençóis e travesseiros de painas ternas
que eu não atine que tu não tenhas percebido
que sou o poema escrito leve, sem muito alarde
no vai e vai da tua mão jorrando tanta libido
pelo que por mim sentes e que tanto te arde...

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Dionísio


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/mq_mquiteria2/without_you.mid

Dionísio
Maria Quitéria

"Eu amo Aquele que caminha
Antes do meu passo
É Deus e resiste.
Eu amo a minha morada
A Terra triste.
É sofrida e finita
E sobrevive.
Eu amo o Homem-luz
que há em mim.
É poeira e paixão
E acredita.
Amo-te, meu ódio-amor
Animal-Vida.
És caça e perseguidor
E recriaste a Poesia
Na minha Casa.
(Hilda Hilst)

Te amo, Dionísio, nos versos pautados
na gama das cores de um arco-íris
nas minhas coxas e ventre, tocados
e no verde mais profundo das minhas íris
Te sonho, Dionísio, entre os mil cânticos
dos livros da memória em que me cobrias
e na saudade dos ardores suando pânicos
por tantas palavras loucas e sombrias
Te vivo, Dionísio, na cadência da tua letra
no be-a-bá de versos riscados na pele
no entre mais vermelho dos pêlos da greta
e no gemido miado que o tesão me impele
Te assombro, Dionísio, nas noites de lua
quando esparjo cheiro de rosas pela tua cama
e a mulher que está ao teu lado, tão nua
não sabe dos teus delírios de devassidão e lama
Te conheço, Dionísio, desde outras vidas
onde tu fostes o único a encontrar-me pelo vão
antes dessas todas que se deitam, perdidas
buscando o que não sabem, nem jamais terão.

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Entre a palavra e a palavra



Entre a palavra e a palavra
Maria Quitéria

Nem toda putaria
é orgia
nem todo carnaval
é bacanal
nem todo mascarado
é tarado
nem todo desvalido
é bandido
nem todo plexo
tem nexo
nem toda foda
denoda
nem todo sexo
é convexo
nem toda lama
derrama
nem toda faísca
trisca
nem toda cama
é chama
nem toda chama
inflama
nem todo vulcão
é tesão
nem toda cavalgada
é lascada
nem toda puta
é astuta
nem toda mulher
dá colher
nem todo macho
quer racho
nem toda greta
quer treta
nem todo pau
é normal
nem todo buraco
quer taco
mas quando rola
é rola
quando é lance
tem chance
quando acontece
apetece
quando se tem fome
se come
e... todo gozo
é gostoso

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sexta-feira, 4 de julho de 2008

De águas e amantes


De águas e amantes
Maria Quitéria

Mergulhe em mim.
Sou águas fundas e caudalosas
águas sinuosas
que vertem do meu útero

Nade em mim.
Espalhe minhas águas em respingos
pesque como os grandes flamingos
na minha seiva que alimenta

Submirja em mim.
Vasculhe o fundo, o leito das águas
retire as pedras de antigas mágoas
vincadas em cicatrizes de cio

Entregue-se a mim.
Deixe o corpo solto, alivie o peso
derrame águas nas águas, mais teso
e a vida se tornará semente

Naufrague em mim.
Solte o último ar e grite sem medo
minhas águas guardam segredo
ao se misturarem às torrentes


http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/415513

Publicado em 16.03.2007


Pelo prazer de viver essa rotina


Ouça:

http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/angel.mid

A idéia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O inicio é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto
A rotina do perfume é a lembrança
O pé é a rotina da dança
A rotina da garganta é o rock
A rotina da mão é o toque
Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio
A rotina do caminho é a direção
A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem a sua beleza.
(Daniel Mattos e Paulo Leite)

Poesia on line de 03.07.2008 - Não publicado no Fórum
Mote: Toda rotina tem sua beleza


Pelo prazer de viver essa rotina
Maria Quitéria

Acordar leve, lépida, e correr ainda pra te ver
- em poesia-lembrança na xícara da manhã -
o gosto de café no palato da língua por te ler,
o leite quente da letra suando uma febre terçã.

Passar o dia, e todo o dia, em êxtase de espera
trincando rimas com versos e cabelos ao vento,
a velocidade do pensamento em doce quimera,
no banho ensaboado com o verso que tento.

O asfalto das ruas passando como estrelas trilhadas
na noite do eterno sonho vívido e tatuado na mente
em lençóis acetinados de poemas e coxas dedilhadas;

dia-a-dia, meses a fio desejando o mesmo homem,
- bebendo da seiva que todo o corpo ainda sente -
revivendo as mesmas linhas que me consomem...

Simultâneo:
Poesia on line
http://recantodasletras.uol.com.br/
http://versosprofanos.blogspot.com/


É bela a propaganda, mas deveria ter sido
mencionado pelos autores do comercial
que é um "espelho" da música
Caminhos de Raul Seixas

Caminhos
Raul Seixas/Paulo Coelho


Você me pergunta
Aonde eu quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar
E até a gaivota que voa
Já tem seu caminho no ar
O caminho do fogo é a água
O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote
O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço
O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço
O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo
O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento
O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno
O do peixe é a rede
O do vil é o inferno
O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!
"E você ainda me pergunta:
aonde é que eu quero chegar,
se há tantos caminhos na vida
e pouquíssima esperança no ar!
E até a gaivota que voa
já tem seu caminho no ar!"
O caminho do risco é o sucesso
O acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sou uma santa



Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/pagu.wav

Sou uma santa
Maria Quitéria

Sou pudica quando nua
despida do manto
abro as carnes na rua
e respeito muito santo
do tipo que não precisa provar
quem é e nem por onde anda
minha fé é de danar
só faço o que minha religião manda
sou uma moça caseira
que se farta de comida
rezo o terço bem faceira
e ajoelho, atrevida
sou tão dócil como uma cobra
criada na mão, feito um pau
há em mim o que soçobra
um doce veneno do mal
mas me penitencio na cama
fico de joelhos e aceito
o chicote da língua em chama
do homem que está no meu leito
sou tão boa quanto as leoas
de pêlo lustroso e macio
tenho as coxas e ancas boas
como as éguas de grande cio
sou assim, tão perfeitinha
tão carola, tão maneira
que no meio da coxa minha
me chupa até mulher rameira
sou delicada como uma loba
que sobe o morro uivando
toda carente, toda boba
chamando os lobos ao meu bando
sou melada como um favo
deito besuntada de rosário na mão
minha coxa tem chave de travo
enquanto apregôo religião...

Simultâneo:

Uma não história de amor




Ouça:
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" Por querer você demais
passei do meu prazer
eu queria muito mais
do que podia ter
pra viver um sonho
pra ficar à sós
pra correr por todo lado
e só pensar em nós
pra dizer 'te amo'
sem ter que falar..."
(Daniel Ferro & Cláudio Rebello)

Uma não história de amor
Maria Quitéria


Você veio com o gosto do andantes
trouxe as palavras mais indecentes
me pôs na tua boca, meteu os dentes
me deu a loa profana dos amantes
você me fez ir longe, me enredou
me colocou na tua teia, na tua trama
disse até que me amou
e que queria me levar pra tua cama
você fez sexo na letra, na poesia
me fez enlouquecer de desejo
me trouxe o verso da orgia
me fez ficar na seca do teu beijo
você me levou por caminhos tantos
e depois me disse de solidão
me fez náufraga em meus prantos
e culpada por tanto tesão
me deixou esquecida numa ilha de dor
apagou minhas pegadas na areia
me negou paixão e amor
calou, envenenando a minha veia
você me enganou e me traiu
me apunhalou com a palavra afiada
conjugou verbos de partida e mentiu
me fazendo ser mais uma na tua estrada...

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Dentre todas...


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Dentre todas...
Maria Quitéria

Dentre todas que te assanham
sou a que te faz mais duro
a gostosa arruaceira
que tem mel por todo furo
dentre todas que se entregam
sou a que te dá tesão
a bela quenga mais rameira
que tira leite da tua mão
dentre todas que te atiçam
sou o nó atado em laço
com minha anca mais faceira
e na aranha o pêlo em traço
dentre todas que barganham
sou a que te alucina
a vagaba mais arteira
que tem gosto de esquina
dentre todas que arreganham
sou a caça que enlouquece
que sussurra só besteira
e o teu pau levanta e cresce
dentre todas que te arranham
sou teu gosto de peleja
por minhas coxas em fogueira
sou a que tu mais festeja
dentre todas que te lanham
sou o bicho do teu gozo
a que traz a cachoeira
e que goza mais gostoso
dentre todas que te cercam
sou a que te deixa louco
carregado de ciumeira
por ter tanto e dar tão pouco
dentre todas que alucinam
sou a fêmea mais lustrosa
a bonita feiticeira
por quem tu punheta e goza...


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