AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

terça-feira, 14 de julho de 2009

Anjo caído

Alceu Valença - Mensageira Dos Anjos




Anjo caído
Maria Quitéria

deitei asas no teu leito
no teu peito
fiz morada
largada
como um anjo caído
fostes tu
oh, bandido
que puxastes as asas
fostes tu a derrocada
do anjo sem céu
escorrendo um mel
na tua boca babada
de saliva
na esquiva
feito senda
queixo abaixo
o fogo e o facho
da minha fenda

fostes tu, oh tirano
que despistes o pano
que me cobria o sexo
e teu convexo
entrou na minha entranha
numa forma estranha
de se apresentar

arrancou penas
as melenas
os pelos
- novelos escuros -
nos melados furos
de mel e sais
conheceu meus demônios
minha Legião
me fez só mulher de tesão
sem véu
ao léu

- a vagabunda de mil catedrais -


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terça-feira, 30 de junho de 2009

Velhos conhecidos, novos amantes

Kleiton E Kledir - Paixão


Velhos conhecidos, novos amantes
MQ & O LOBO

Ele entrou na sala com seus cabelos desgrenhados pelo vento da cidade. Trazia papéis e um olhar perdido.
Fiquei olhando para ele por um longo tempo. Ele tinha um cheiro de bicho e um olhar traiçoeiro de tão límpido que era. Ele sempre mexia comigo. Entre as coxas.
Fiquei ainda por um tempo perdida em divagações, até que ele me olhou. Fingi mexer nuns papéis e fui tomar café.

Me surpreendi com sua presença logo atrás de mim.

Ele pegou um copo e se serviu de café também. Ficamos nos olhando, sem mais palavras.

Algo nele despertava a loba em mim. Talvez seu olhar menino, talvez a forma dissimulada dele de me querer sem dizer. Sem saber porque fiz, aproximei meu rosto ao dele e o beijei. À princípio apenas toquei seus lábios com os meus. Depois, pelo calor dos lábios dele, entreabri os meus e toquei sua língua com a minha língua. Ficamos numa dança sensual de línguas e cheiro de café. O beijo tomou conta do corpo e, de repente, tudo era só boca. O corpo inteiro estava na boca. A dança, os cheiros, a sensualidade, o desejo; tudo estava na língua, no calor dos lábios, na troca de saliva. A coxa fisgou. Senti seu membro duro de encontro as minhas carnes enquanto a boca fazia um balé, traçava passos e melodias e a canção era uma língua macia deslizando junto a minha. O cheiro de cio misturava-se ao cheiro de café e impregnava nas minhas narinas coladas na pele do rosto dele. Sentindo seu cheiro animal. Aspirando seu suor. Sua pele. Seu gosto. Atordoada, encostei mais o corpo de encontro ao duro corpo que me aquecia. Senti suas mãos nas minhas ancas me trazendo mais pra perto, levantando meu vestido. Toquei seu membro por sobre a calça, tateei o zíper... deixei que o falo viesse livre ao encontro das minhas carnes ardentes. Ele levantou uma das minhas pernas, afastou as rendas que nos afastavam e adentrou. Preencheu. Ofertou mais calor às chamas que já me faziam derreter e expelir lavas. Movimentei. Ele movimentou. As boca... as bocas continuavam sem parar, sem dar trégua. O corpo fazia o movimento das línguas... entrava, saía, rodeava, molhava... senti um jato quente por dentro no exato instante em que os frêmitos do meu gozo me faziam apertar as entranhas e morder sua língua...
(MQ)

Há coisas e situações que não demandam palavras. O que acabou de ocorrer foi algo assim. Se tivéssemos falado, se tivéssemos negociado, propondo, discutindo, apresentando opções, talvez nada acontecesse.

Certamente nos bastaríamos em ter vivido juntos alguns momentos de ousadia meramente pensada. Então os cotidianos de cada um retomariam seus rumos. Aquele café, seria só e nada mais que um café.

Seria assim. Quase sempre, na maioria absoluta dos casos em que uma atração se insinua entre seres maduros é assim. Um vislumbre, uma linguagem não verbal, sinalizada pelos olhares sugere algo que se quer muito até, mas por falta de ousadia não se consuma.

Mas dessa vez não foi assim. A faísca brilhando nos olhares suplantou todas as regras e convenções. O desejo se fez soberano. Imperou sobre os dois corpos, até que um gozo mútuo o reverenciasse.

Então, um novo olhar. Sempre os olhares...

Um novo café é proposto, aceito, feito e tomado.

Então: garras na cintura da presa. Dominando-a. Se é que ela pretendesse fugir...

Um olhar fixo nos olhos dela.

Um novo e longo beijo.

Mais um olhar, e uma frase insinuando uma nova proposta:

- Nós começamos pelo fim...

Sem mais palavras, os botões de sua blusa são abertos. Blusa e soutien voam longe.

Seus seios são libertados.

A boca ávida e faminta toma posse deles. As mãos, garras do predador, percorrem seu corpo despindo o que restava de suas roupas. Exploram suas entradas...
(O LOBO)


Não, não era sonho, não tinha mais como fugir daquele homem. Ele estava ali e eu também. Eu o queria e ele a mim. Tínhamos experimentado o prazer maior, o gozo, mas ainda havia o beijo por desvendar. Havia um corpo inteiro para ser percorrido.

Meus seios nus sentiram a maciez da língua dele e minhas mãos encontraram o peito másculo, viril. Toquei seu peito e afaguei seus cabelos, puxando a cabeça para mais perto dos seios... Ele mordiscou os bicos e me rendi.

Sussurrei ao seu ouvido que alguém poderia nos ver ali. Que estava escorrendo sêmen pelo chão... Ele largou os bicos com certa relutância. Ajeitou o membro dentro das calças, ainda me tocou entre as pernas e limpou minhas coxas com seu lenço. Me ajudou a me recompor. Me tomou pela mão e saiu comigo pela porta da frente.

Sim. Agora iríamos para o conforto de uma cama. Agora eu me daria inteira a ele e teria o corpo do predador sob meu jugo.

O vento desgrenhava meus cabelos também, enquanto seu carro corria pela cidade e eu sorria ao lado dele...
(MQ)

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ANDERSON FABIANO & MARIA QUITÉRIA

 Celso Fonseca e Ana Carolina - Um Dia de Domingo (DVD Rip)





Onde ficam as respostas?
Anderson Fabiano

Procurei tanto o amor
Que esqueci de amar.
Amei tanto
Que esqueci de mim.

Foram tantas as paixões,
Tão sem sentido,
Como só as paixões podem ser,
Que restou-me a trincheira.

Sei o gosto do beijo,
Mas não sei onde fica a boca,
O rosto, o sorriso, o sim...

Sei o seio,
Mas não sei a forma e o gosto,
Muito menos o nome
De quem o reservou.

Sei o ventre,
Mas não sei onde leva sabê-lo.
Nem tão pouco,
Se a mão acaricia antes do beijo.

Sei o sabor agridoce,
Almiscarado, secreto...
Mas não sei o corpo
Onde esse sonho se escondeu.

Procurei tanto o amor
Que creio,
Esqueci de confessá-lo
Para alguém.

Visite:
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Mal sei as perguntas
(Maria Quitéria)

Mal conhecemos as perguntas, que dirá qualquer resposta. Mas sabemos lá dentro, no íntimo, que a resposta estaria talvez no lábio tocado, na língua solta de encontro a outra ou na cantiga dos corpos dolentes, dormentes, sinuando-se em encontros...

Ofereci o beijo,
mas escondi a boca.
Ofereci o gozo
num ventre pulsante e só,
minhas pernas se abriram;
flor exposta,
amor aos montes,
às pencas,
dedilhado no silêncio.
Ofereci o brilho da lágrima
nuns olhos fechados
no gemido baixo ao travesseiro.
Ofereci a pele
que arrepiou-se ao lençol
sem o braço com pelos,
sem o grisalho entre meus dedos,
sem a barba a me riscar.
Ofereci um amor estranho
que piscava como luzes
numa cidade desconhecida
de um corpo que nunca toquei.

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LITERATURA LICENCIOSA NA INTERNET


Literatura Licenciosa na Internet
Narceja entrevista Maria Quitéria:

...
Qual sua maior alegria ao publicar um texto?


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sonhos não envelhecem

Josué Gomes - Guardada em Sonhos




Sonhos não envelhecem
Maria Quitéria

Quando a intensa dor toma conta do meu peito
e a cidade ofusca o verde dorido das minhas íris,
vou de encontro a um outro verde e claro leito,
das terras fecundas e das flores mais felizes.
Meu corpo despido monta num cavalo que corre
saindo a galope sem que nem eu me dê conta
e trilha caminhos alheios e vai indo, percorre
canaviais, estradas empoeiradas, comigo à monta.
Minha devassidão clama por um corpo distante
de um homem que buscou-me em uma outra era;
- um adendo na minha vida, um delicado amante -
um homem de porte, um louco, uma apaixonada fera,
fazendo embrenhar-me por uma outra quimera;
em busca de suas mãos abertas e tão querentes.
Então altero os planos dos meus nortes tão rentes
numa cavalgadura louca que me leva pelo desejo
com meu corpo escorregando no duro lombo
que passa macio entre as coxas em seu latejo
até que eu me esqueça do tamanho do rombo
e me desfaça num desmedido gozo de paixão,
chamando aquele que é dono do meu verso,
que é a canção da terra dessa cidade em reverso,
onde viajo acompanhada de sonhos, Deus e solidão...

A belíssima poesia de Josué Gomes e sua voz maravilhosa:
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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Te bebo do avesso

 Jane Birkin & Serge Gainsbourg - Je T' aime


Te bebo do avesso
Maria Quitéria

Teu corpo rijo e entregue
é um templo que devasso
com meu firme traço
com minha volúpia
como uma dança cadenciada
uma rúpia
da pele ao cerne
do norte à estrada

é meu canto mais profano
de deusa sem um Olimpo
de uma vaca virginal
ou qualquer outro animal
uma pérola sem garimpo
ou a faca ao teu dano
- ao teu corpo, templo mundano -
com meu fogo corrido no limpo

esse meu rito profanado
no riste dessa tua espada
onde ajoelho sussurrando a oração
com a boca vertendo saliva
passada na tua glande
ao prazer de mais nada
ao desejo que criva
um sal tão suado
dum derradeiro tesão
é o confronto da minha luta
pelo sêmen jorrado na puta
no orgasmo que em ti se expande

no dentro que me faço profunda
no fora onde sou toda bunda
- carne, escuros e profundezas
cuspes, tetas e asperezas-
subindo e descendo a escadaria
do templo ao avesso, onde a fé principia.

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Teares

 Zeca Baleiro - Balada do céu negro



Teares
Maria Quitéria

Os mosaicos desenhados
em tons castanhos
estão sendo delineados
num desenho
sem tamanho

eu trilho pelas linhas
onde aninhas
tantas palavras

as lavras
tensas lavas
de um vulcão interno
como um inferno
queimando
triscam o chão
e o tesão
já é um risco
um perigo
a arma
na mão do bandido

eu não digo
não ligo
continuo o traço
que faço
com as pernas descobertas

(mas eu vejo no espelho
o desejo refletido
dos teus olhos
no pentelho
quando se levanta o vestido)

e se acertas
a mira
com os olhos em seta
finjo que não vi
o estrago feito
no desconhecido leito
do desejo que pari

a linha continua
a rede se forma
tem forma
de canto
bem no canto
da borda nua
como se eu fosse tua
sem ser quem sou
e vou
fazendo um desenho ateu
dando as cores
aos falsos amores
que me juram
e transgrido
leis escritas
proscritas
como balas que furam
teu peito
pela minha falta de respeito
de só aceitar o que é meu.


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terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu me deito

Andre Sardet - Gosto de Ti


Eu me deito
Maria Quitéria

Faço com gosto
esse entreposto
de cair de quatro
no teu quarto
na tua cama
minha dana
é esse desejo
a querência do beijo
a vontade
minha verdade
de te gostar
de querer trepar
talvez, fazer amor
com um pouco de dor
com a queimação
do tesão
nas ancas socadas
tuas estocadas
teu falo entrando
ganhando
terreno
moreno
você, meu doce
como fosse
o mel escorrido
o bandido
mascarado
um namorado
um brinquedo
meu segredo
a força que me move
me comove
me faz gozar nos dedos
sem os medos
dos humanos
dos danos
na coragem dos bichos
que se abrem
se atrevem
e, arreganhada
te espero
assanhada
te quero
desarvorada
te procuro
em meu escuro
no movimento
no gemido
o ardente furo
desaguando o unguento
fremido
esperado
sonhando
tua língua lanhando
tua mão estourando
em tapas e malícias
teu corpo pesando
me ganhando
no prazer dessas delícias...


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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Esse nosso caso...

marisa monte - mais uma vez




Esse nosso caso...
Maria Quitéria

... essa foda declamada
cifrada
é lance de sempre
são os bichos indômitos
tecendo pelos
no emaranhado
da razão

essa inconstância
constante
esse nosso lance
essa cadência
é a foda batida na janela
misturada com aquela
que vem sem explicação

esse desatino de menino
que vaga
por um ou outro cabelo branco
como fosse gozo
dessa nossa loucura sem chão
saindo no tranco

nesse puta emaranhado
- laço de renda -
das fodas e tonteiras
da unha nas costas
como um palco arranhado
ou peça de pano
ou de tablado
vagando passeio de telhado
e tantas besteiras
do canto que danço

tranço

e lanço
a flecha no teu peito
que, sem jeito
faz firulas de bicho sério
e nós dois
nesse lance safado
deixamos o arco-íris trotado
dar a cor desse adultério...


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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Tribal

Ouça:
Cântigos espirituais DE LOS indios americanos




Tribal
Maria Quitéria

As horas
se desenrolam
em sua teia
são cadeias
dos ponteiros
que extrapolam

eu penso

produzo imagens
calada
nos gritos da mente
pensamentos
que vagam
por teu olhar:

são inaudíveis aos outros
mortais
que não conhecem esse amor
imortal
banal
de desejos
seixos
sexo
feito de traços e rabiscos
fendas e triscos
hibiscos

etéreo
não perece
nem se parece
com garoa
é chuva torrencial
um manancial
de águas pelas coxas

é quente como um sol
tem chama como fogo
chispa
crepita
corre sobre o limpo
e eu sinto

(como uma mariposa
em volta da claridade
cerco flores
- borboleta nua -
batendo segredos
e juras)

os sons se calam
as imagens apagam
é a noite
soturna
noturna
do teu respirar

as nuvens traçam caminhos
são ninhos
nos nichos
escondidos no céu
desvendando a lua

nua

perco o fio das horas
nos meus cabelos
revoltos
que o negrume
cisma em desconcertar

penteio sonhos
enquanto o tempo
passarinho
passa rápido
no meu peito
que bate
descompassado
no movimento que faço
punho lento
devagarzinho

teus dedos passam
pelos fios das horas
no emaranhado
da cabeça
e desvenda
minha renda
de outros pelos

o tempo
segue em seu ruído mudo
nos espectros
do corpo
que teima frêmitos
queima
sem brisa
sem vento
no farfalhar dos segundos


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terça-feira, 28 de abril de 2009

Nada além

Ouça:
 Frejat - Nada Além




Nada além
Maria Quitéria

Eu sou esse bicho doido
que corre perigo
que grita na calada
digo um monte sem dizer nada
tenho esse amor afoito
no piercing do umbigo

eu sou uma festa
aquela fresta
a cortina balançante
no quarto do amante
eu sou a lua que míngua
a língua
na boca cheia
sou a teia
impactante
eu sou esse bicho sofrido
fodido
difícil de acompanhar
fácil de lanhar
se o amor é corroído
vivo na alça de mira
do bandido
desacato
destrato
mato antes que fira
meu nariz metido
sou esse bicho arranhado
que arreganha
coxas e dentes
tenho esse lance escolado
sem fazer barganha
sem entrementes
bato, deixo marcado
sou mesmo um bicho...
exagerado.

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quem completará os meus versos?

Ouça:
 Marjorie Estiano - Versos Mudos



Quem completará os meus versos?
Maria Quitéria

A ausência é tamanha
que o verso capenga,
a rima foi pro espaço
como se um balaço
matasse a quenga
no romper da entranha.
A saudade é tanta
que a letra se perdeu,
como se o caminho
nunca tivesse sido ninho,
a fé fosse a de um ateu
e o frio não tivesse manta.
A dor é tão vasta e intensa,
o ciúme tão corrosivo,
que a certeza é um vão
a destruir qualquer tesão
de um desconhecido ser invasivo
que tenha uma lanha pretensa.

O piso tornou-se tão escorregadio,
como se ensaboado,
e assim eu me equilibro
como tivesse na cabeça o livro,
já num tom desbotado,
daquele poeta vadio.

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Conjuga(cão)

Ouça:
 Lacuna Coil - Entwined


Conjuga(cão)
Maria Quitéria

Vem aqui correr perigo
vem então deitar comigo
até o dia amanhecer
Vem numas de foder
se embriagar de meter
até a noite fazer lume
Vem sangrar o queixume
do peito morto de ciúme
que te busca sem cessar
Vem bem assim me pegar
nos meus furos atolar
até a sangria da carne
Vem provar do que arde
fazer gemer em alarde
até meu orgulho virar pó
Vem matreiro e sem dó
finca, mete, dá o nó
monta fundo em exarcebo

que eu quero é colar
e então só conjugar
esse nosso puto verbo...

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cadela vira-latas

Ouça:

 Roberto e Bethânia - Desabafo



Cadela vira-latas
Maria Quitéria

Abro as pernas, enlouqueço de tesão
penso em você... sobre, dentro
me masturbo com a mão
metendo o dedo no centro
Eu me fodo e gozo
escorro lágrimas e mel
e o que deveria ser gostoso
tem aquele gosto de fel
É que eu te quero comigo
me penetrando nos meios
com a língua no meu umbigo
e mordendo o bico dos seios
É que eu te desejo na minha toca
na cama da loba que arreganha
que te persegue e foca
tuas indecências na barganha
com tantas outras e eu me pego
de olhos fechados e gemendo
uns espasmos que eu não nego
são pra você que está metendo
com a puta do momento
enquanto eu me aporrinho
e dois dedos arrancam o tormento
de um gozo mal fodido, sozinho...

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Concordância

Ouça:
Isabella Taviani - O último anjo



Concordância
Maria Quitéria

Eu falo dessa dança
no mato
na floresta pagã
eu falo da tua lança
que eu engato
numa febre terçã
eu falo de beijo
melado, de língua
na perna aberta
falo do desejo
que nunca míngua
e vive alerta
eu falo de chupadas
de foda
de boca no bago
eu falo de lambidas
sem poda
fazendo estrago
eu falo do gozo
esporrado na boca
vertendo prazeres
eu falo ao gostoso
que me deixa louca
nos tantos meteres
eu falo de pica
de pau todo duro
de esporro na cama
eu falo em quem fica
e mete no furo
me chama de dama
eu falo do tal
que se enrosca na rua
com quantas quiser
eu falo ao venal
que tem sua pua
pra qualquer mulher
eu falo a ele
que goza no banho
e punheta por mim
eu falo de pele
eu falo de lanho
eu falo de sim.

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sábado, 4 de abril de 2009

Amor, dolorido amor...

Ouça:
 Paula Fernandes e Almir Sater - Jeito de Mato




Amor, dolorido amor...
Maria Quitéria


Enquanto cavalgo pelas campinas
e o vento me bate no rosto e nos cabelos,
sonho ver teus olhos pelas colinas
e quero meu pelo ao encontro dos teus pelos,
derramo águas no lombo do alazão;
são os suores das minhas íris esverdeadas
buscando um alento no trotado em tesão
pela tua ausência nas minhas cavalgadas
e o cheiro de mato impregna na minha pele
em sulcos de terra vermelha pelos meus seios
que, nus, balançam sem quem deles zele,
sem quem os beije em seus meios
e o corpo vai dolente no trote macio
adentrando às flores das montanhas,
chapiscando nos riachos de um cio
cheio de perfumes de sexo e manhas
e deito meu galope até te esquecer,
até voltar à estrada cinza do asfalto
e, urbana, viver de leis e arrefecer
o amor que calço junto ao meu salto alto...

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segunda-feira, 30 de março de 2009

Soneto Erótico

Ouça:
 Zeca Baleiro - Soneto Erótico




Soneto Erótico
Maria Quitéria & Zeca Baleiro (brincadeira...)

Aos quinze eu já sentira o gosto
dos dedos e de algumas grossas nas coxas,
já tinha empinado os peitos e o rosto
e, no pescoço, tinha umas marcas roxas;

aos dezoito, era bela como uma fada,
manequim, modelo, falsa magra e coisa e tal,
tinha fila de meninos querendo uma foda,
mas eu ainda me mantinha virgem, afinal;

depois fui aprendendo os delírios do prazer
e dedos e pau nas coxas já não mais satisfazia
até que encontrei o homem certo pra meter,

e pra ele eu dei com gosto, como uma potra,
vivi o orgasmo de um pau, como fosse orgia,
e aprendi o gosto de uma foda atrás da outra.
(Maria Quitéria)

15 anos eu passara os primeiros da vida
Sem ter sabido nunca o que era esse furor
Em que a dança do cu deixa na alma um torpor
Após a ânsia viril na cona ser remida

Não que a morte tão doce, tão apetecida
Não me impelisse um forte e juvenil ardor
Mas o membro que eu tinha, embora lutador
Não chegava a deixar a dama bem servida

Trabalho desde então com pertinácia rara
Por compensar a perda e o tempo que não para
Pois o sol no poente ameaça os meus dias

Oh Deus venho rogar-te meu zelo ajudai
Para tão doce agir meus anos alongai
Ou devolvei-me o tempo em que ainda eu não fodia
(Zeca Baleiro)

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sexta-feira, 27 de março de 2009

Dançando na tua chuva

Ouça:
 Roberto Carlos - Amato Amore




Dançando na tua chuva
Maria Quitéria

Eu quero um canto soberano
um canto mundano
um rasgar de panos
e danos
uma música bem brega
quero o romper das pregas
sangrado a navalha
num esporro que valha
e cantarolar o roberto
deixar todo aberto
o canal entre as pernas
no dial da estação
vertendo tesão
noutros manguezais
ser como animais
na cópula da rua
andar toda nua
com os pelos ao vento
fincar de cimento
teu falo na carne
mostrar como arde
o inchaço do gozo
beijar mais gostoso
na anarquia da cama
ser mulher-dama
de salto e peito
vagar pelo leito
com fogo e chamas
enquanto me chamas
e vou toda puta
no meio da luta
dessas transversais
mudar os canais
romper corpo afora
mordendo tua coxa
deixando uma roxa
no bate-estaca
tombado no estio
entre o coito e o cio
que em águas debanda
na coxa mais bamba
que teu duro devora...

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Amor fiado na pele

Ouça:
 Gal Costa - A linha e o linho





Amor fiado na pele
Maria Quitéria

Quando você chega
meu coração toa como uma zabumba
faz quizumba
como se todo o povo
de novo
batesse nos atabaques
e quase tenho um ataque
um infarto
um parto
de gata siamesa

Quando você vem
os raios de sol passam
por entre nuvens
e os clarões se arrastam
pela minha pele
brilhando na mão
como se furando em flechas
de Sebastião
e derramo as tempestades
de saudade
no gozo no chão
como quem não tem vintém

Quando você me junta de poesia
e faz essa orgia
de canto e desejo
pede beijo
mordidas e sofreguidão
minha nuca arrepia
o suor desce e salpica
bordados de folia
na pele que clama
o que tanto ela ama
como a língua que fica
bailando na tua boca
como agulha e linha
tear e pano
cosendo sonhos de louca
em pontos de amor pelo dia

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Absoluto

Ouça:
 Vanessa da Mata - Amado



Absoluto
Maria Quitéria

eu te quero
como para respirar
eu te preciso tangendo
meu corpo duro
vivo de te amar
ardendo pelo furo
onde te espero

eu te necessito
no bater do coração
no tum-tum-tum em desassossego
da paixão
que não nego
mas que tanto evito

eu te preciso na mão
na pele molhada
cunhada
no êxtase e paixão
no risco de dividir
como se outra fosse parir
o filho que tenho no ventre
que vive rente
e está entre
meu corte vermelho a ferir

eu te embalo num dois pra lá
me deixo levar nos teus braços
na música que você cria
na teia que fia
nessa dança dos passos

eu te tenho, ainda que não,
eu te recordo, ainda que sozinha,
eu me recupero
me conserto
eu te espero
no desacerto
daquela rua
que é via do teu tesão

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Cão

Ouça:

 Nina Simone - Do I Move You?


Cão
Maria Quitéria


Ele me fareja como um cão vadio
me encontra, me desconcerta
ele me acerta
no meio, nas coxas em cio

ele me cheira e lambe meu gosto
faz exalar meu gozo secreto
ele me faz gemer gostoso
no sonho do torto ao encontro do reto

ele me quer com paixão
com o desejo dos machos que metem
entre as fendas das fêmeas
ou na mão,
como os que punhetam...

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Respirando nas águas do (in)findo do teu amor

Ouça:
 Maria Bethânia - Debaixo d'Água - Agora




Respirando nas águas do (in)findo do teu amor
Maria Quitéria

... você vem e a minha vida enlouquece
o corpo fica em chamas
como o das damas
que se dão ao que entorpece
como o da meretriz
que vive por um triz
nas esquinas
correndo perigo
como o das pequenas meninas
sem ter abrigo

você chega e o verso deságua
a saudade bate no peito
há a derrama da água
caída do olho à boca
escorrendo no leito
onde fico louca
esqueço a solidão
e misturo outras águas na paixão

você me vem e me abandona
e eu acabo dando bandeira
quando a torrente da cona
enxurra como a de uma rameira
e o que deveria ser um sussurro
soa como um urro
nos gemidos que sobem
te querendo meu, macho e homem...

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terça-feira, 24 de março de 2009

Mais que meu tempo

Ouça:
 Nana Caymi - Não se esqueça de mim




Mais que meu tempo
Maria Quitéria

Mesmo quando meu dia arrebenta
e eu sigo, alheia, sem dormir,
quando o fogo da minha magenta
é chama quase a se extinguir;
é em você que meu sono dorme,
é em tua lira que meu desejo se impõe;
as pernas se abrem cheias de fome
e gozam a poesia que você compõe.

Mesmo quando meu corpo se faz cansaço,
quando a dor do dia em meu coração irrompe,
te sinto no afago do meu braço,
no gozo que escorre e me corrompe;
aos delírios de imaginá-lo duro e teso
me acariciando e enxurrando as águas
lambendo o que me banha, sem ter peso,
vertendo poemas das coxas sem mágoas.

E é nessa hora que a hora se faz mais doce,
como se o tempo extinguisse dos ponteiros,
como se, tua, eu pudesse ser e fosse,
na vida, na eternidade, nesses travesseiros...

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A teia que teço: liberdade e desapego, paixão que não tem fim

Ouça:
Ceumar - Avesso


Seja de todas e de quantas quiser. Divirta-se. Divida-se. Parta-se. Reparta-se. Partilhe teu desejo.
Eis-me, sabendo quem sou e o quanto represento.

A teia que teço: liberdade e desapego, paixão que não tem fim
Maria Quitéria

Você, que deixa migalhas de pão para poder voltar...

Eu, que não fantasio nesses caminhos, que simplesmente habito essas terras em minhas noites de lua e dança, que não deixo migalhas, que gostaria de perder o caminho de volta e ficar por lá. Eu, que tento mostrar o verde, que aceito todas as derramas, as fantasias, as loucuras e ainda oferto amor. Eu, que deixo a porta do arco-íris aberta a que entre. Que o convido para as refeições ao meu lado, que perfumo o chão com alfazema e aliso os lençóis para que nenhuma nesga possa ferir sua pele. Eu, que ando descalça pois meus chinelos estão à porta para que deixe seus sapatos ao seu lado. Eu, que te mostrei estrelas de outras cores e outros brilhos, que perfumei folhas comuns para que se sentisse feliz, que o alimentei com palavras de todos os verbos, que o acalentei, que fui até sua cama e fiquei quieta, ofertando meu calor aos seus medos diários, que o embalei nos braços em suas noites de insônia e levei um cheiro de rosas, que o faço olhar para o melhor, que o trago ao gosto do sexo e vida, que me embrenho pelos teus fascínios aceitando-os e abrindo espaços para tua dança...

Porque...

A teia que eu teço

é a teia que nos laça
de paixão em excesso
vinho-enredo na taça;

A minha voz mergulha em mel para tecê-la

e meu coração recheia-se de chocolate,
minha pele é doce a que possa lambê-la
e é todo feito de carinho o arremate;

Amarro sonhos com gosto de amanhã,

teço em pontos certos como pequenas uvas,
minha boca morde os nós com gosto de maçã
e lavo a teia pronta nas águas das chuvas;

Te entrego como presente a teia do meu dia,

meus momentos de você no tudo que teço,
- oferto a trama como quem acaricia -
o teu mergulho em mim, em laço e arremesso.

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Dominação


Dominação
Maria Quitéria

Vem cá, meu safado

encosta esse corpo no meu
me beija todo assanhado
e toma de mim o que é seu.
Me xinga, me bate, me alisa
e esfrega o gostoso em mim,
me joga no chão e me pisa,
me come do princípio ao fim.
Me veste de puta e geme
no meu ouvido todo o pecado,
me morde a coxa que treme
e lambe o meu bico rosado.
Me doma, que te quero meu dono,
que obedeço com todo o agrado,
depois da farra, caindo de sono,
beija meus pés como escravo...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Todo gostoso...


Todo gostoso...
Maria Quitéria

Meu bem, vem aqui pra tua puta
vem gostoso, vem manhoso
vem esfregando, vem na luta
vem gosmento, vem fogoso

vem amor, todo putão
põe aqui, mete em meu vão
e me chama de cachorra
esfrega bem na minha cara
diz que eu sou a tua tara
e comanda a nossa farra
esporra em tudo e me lambuza
deita e rola e me usa
mete o grosso até que eu sangre
essa é a força do inflame
pra de quatro eu te chamar
vem, meu Nego, sem aviso
mete fundo esse teu liso
que eu quero é me acabar
esfrega e calca até o fundo
dá no coro, chega junto
que eu quero delirar

vem, cachorro, em nó de ferro
o teu esporro é o que eu quero
e, no teu grude, mais gozar...

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Folguedo

Ouça:
 maria bethania - o meu amor





Folguedo
Maria Quitéria


Eu sou a bruxa da noite
mas você é meu feitiço
o chicote, o meu açoite
meu gostoso, meu bonito

Você me faz vagabunda
morde a minha bunda
me assanha toda a greta
mela minha buceta
me deixa só na tua
uma vagaba toda nua
pra tua sanha e teu esporro
tua flama e teu jorro
eu sou louca por você
e só penso em foder

Que é que tem esse teu falo
que pra mim é um regalo
que é que tem esse teu homem
que é fogo e me consome
e eu só quero te sentir
no meu dentro a ferir
com teu pau entrando duro
em todo canto, todo furo
e tão mais rolar na cama
no quintal, até na lama
é só mandar que eu obedeço
já sou tua, mas o preço
você vai ter que pagar
mais meter até eu cansar
e ficar louco na minha
me chamando de Rainha

E depois, meu dengo lindo
descansar teu fogo findo
no remanso no meu braço
que te aperta como laço
que segura o teu cansaço
te carinha num amasso
te aquecendo a madrugada
no repouso da tua espada...

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