AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

De ausências e cumplicidade

Ouça:
Fagner - Espumas ao vento




"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
(Carlos Drummond de Andrade)


De ausências e cumplicidade
Maria Quitéria


Te ter dentro, ainda que distante,
ainda que no devasso do pensamento,
é meu doce enredo de amante
a te deitar loas pelo firmamento;
é ter a carne toda em frêmitos de gozo
rompido pelo fogo dos meus dedos
no jorro inclemente e mais gostoso
feito de silêncios, pausas e segredos;

essa ausência, que as vezes tanto dói
como um veneno correndo na minha veia
que, lentamente, me entra e corrói
com a ardência da trama dessa teia,
plana ainda na linha do meu horizonte
quando a labareda tórrida no coração
me abre as coxas em ponte
na derrama de chuvas salgadas de tesão,
com teu nome sussurrado na boca
com tua lembrança que, confesso,
é o que me desatina e me deixa louca
e me faz virar do avesso...

"... e de uma coisa fique certo, amor,
a porta vai estar sempre aberta, amor,
e o meu olhar vai dar uma festa, amor,
na hora que você chegar..."


Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria