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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Teares

 Zeca Baleiro - Balada do céu negro



Teares
Maria Quitéria

Os mosaicos desenhados
em tons castanhos
estão sendo delineados
num desenho
sem tamanho

eu trilho pelas linhas
onde aninhas
tantas palavras

as lavras
tensas lavas
de um vulcão interno
como um inferno
queimando
triscam o chão
e o tesão
já é um risco
um perigo
a arma
na mão do bandido

eu não digo
não ligo
continuo o traço
que faço
com as pernas descobertas

(mas eu vejo no espelho
o desejo refletido
dos teus olhos
no pentelho
quando se levanta o vestido)

e se acertas
a mira
com os olhos em seta
finjo que não vi
o estrago feito
no desconhecido leito
do desejo que pari

a linha continua
a rede se forma
tem forma
de canto
bem no canto
da borda nua
como se eu fosse tua
sem ser quem sou
e vou
fazendo um desenho ateu
dando as cores
aos falsos amores
que me juram
e transgrido
leis escritas
proscritas
como balas que furam
teu peito
pela minha falta de respeito
de só aceitar o que é meu.


Simultâneo:
http://versosprofanos.blogspot.com/
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/mquiteria