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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Canto torto

Ouça:
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Canto torto
Maria Quitéria


É tanto rio, tanto mar, montanha e neve
é tanto céu, tanta loa, trens e passagens
vôos de asas longas, pensamento breve
e o peito ansiando sons de outras paragens
querendo o ar cinza da cidade adormecida
o mendigo na calçada, o lanche no meio da rua
a via superlotada, a dor já tão conhecida
e a imensidão do brilho prata da lua nua
é um desejo de viver as mesmas coisas e tudo igual
desprezando areias, oásis e montes tão brancos
querendo a velha mata, o cálice, o ritual
o manto e a antiga mensagem do desejo nos flancos
ser de novo a cabrocha galopeira de um alazão
mesmo que só sonhado em verso e prosa e desatino
ter a terra como lençol, extravasar todo o tesão
com o gosto de chorar e rir do próprio destino...