AVISO: CONTEÚDO ADULTO PARA MAIORES DE 18 ANOS

sexta-feira, 27 de junho de 2008

De tesões e palavras


Ouça:
http://geocities.yahoo.com.br/quiteriaespecial/paixaolos.mid


De tesões e palavras
Maria Quitéria


Um frio mentiroso me escorrega

me deixando a pele morna e crua
e esse teu sopro me arrepia
a fresta incandescente e nua
da carne vermelha que já não se nega
ao desejo do tempero da orgia

dessa tua prosa de asfalto viciada
em que se busca a alegria do farol
o escuro do horizonte entre as coxas
no tesão dos pêlos em palavras frouxas
da minha fogueira de chama salgada
com teu melado escorrido de sol
desse inverno longo e sem cavalgada
onde a inocência dos lençóis é o pecado
do liso esfregado nas dunas macias
tendo o teu verso duro e teso já fincado
no vai e vem em que me vicias...
Nos versos feitos de açúcar e sal
num misto de mel e muito cio
passado entre as coxas de sisal
da palavra sinuosa feito um rio
palavra que baila na chama do fogo
nos cânticos entoados e profanos
com a sílaba besuntada que refogo
e sirvo nos pratos mais mundanos
versos mexidos com colher de alma
no corpo em caldeira que me consome
palavra que busca a guerra e a calma
alimento farto ao teu coração de homem

Que a palavra seja pedra
pontuda
que rasgue, tire sangue
seja a que não medra
venha taluda
nos deixe exangue
que foda como sexo
que goze como pica
que tenha ou não nexo
mas que seja a que fica
que nos traga aquele tremor
aquela coisa que tivemos
que talvez tenha nome de amor
ou seja o que nem sabemos
mas que ela nos abrace
nos faça ir mais longe e além
que ainda nos enlace
que só nos faça bem
que nos enrede em sua trama
que acenda a fogueira do tesão
que deite e nos leve pra cama
que se faça chuva e vulcão
e que ainda e depois de tudo
aninhe meu corpo no teu
minha greta e teu taludo
eu tua e você meu


Que seja como o vento
levantando a saia
mostrando o firmamento
e que ele nos caia
por sobre
dentro
que monte
esfole
que derrame água
alague
que ela venha no delírio
no filho
plantado no ventre
que seja entre
as coxas luzidias
que ela grite
escorra
que eu morra
e arrebite
que a palavra venha melada
gosmenta
com cheiro de menta
na língua safada
que seja vagabunda
palavra de zona
de risco
um trisco
deslizante na minha cona.

Simultâneo: