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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Derretendo satélites


"Abro com as mãos, te deixo olhar

Te levo pra dentro devagar
Sempre venho aqui nesse lugar
Tomar xerez da tua boca
Provar o sal do mar, mostrar um verso
Provar um amor eterno
Onde a sua mão está agora
a minha você sabe bem
Quanto mais tempo demora
mais violento vem..."
(Paula Toller/Herbert Viana)

Derretendo satélites
Maria Quitéria

Eu te ensinei a brincadeira
dessa coisa de mato adentro
de dançar pra lua, dizer besteira
fazer do vento a roupa e o ungüento.
Te mostrei como voar sem asas,
como viajar pelas casas
da sofreguidão.
Tanto segredo. E o medo
da mão exposta e melada
dei a chave do peito arfando, o dedo
e o gosto que isso tudo dava.
Os sonhos noturnos e os lençóis molhados,
os sóis nos olhos e o gosto de mastigar a terra
- bailarina de pisar nos semens gozados -
armando cilada onde o delírio encerra.
Cortei a carne e mostrei o sangue
do pacto, da promessa,
te levei pra pescar no mangue
no entra e sai do gozo. Gostoso à beça.
Deixei a janela aberta
pra você ver a cortina balançando,
dei uma incerta
pra você ficar louco me caçando,
adoecendo.
Te ensinei a roubar chicote e a bater
e como se pode foder
sem sair do lugar
sem mexer
metendo
bebendo emoção de tragar.
Sei não, te mostrei que podia ser devagar,
ninguém tem pressa. Não acaba.
E tem todo um gingado pra balançar (depois)
mas acho que você não entendeu nada,
o fácil do um em nós dois...


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