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sexta-feira, 4 de julho de 2008

De águas e amantes


De águas e amantes
Maria Quitéria

Mergulhe em mim.
Sou águas fundas e caudalosas
águas sinuosas
que vertem do meu útero

Nade em mim.
Espalhe minhas águas em respingos
pesque como os grandes flamingos
na minha seiva que alimenta

Submirja em mim.
Vasculhe o fundo, o leito das águas
retire as pedras de antigas mágoas
vincadas em cicatrizes de cio

Entregue-se a mim.
Deixe o corpo solto, alivie o peso
derrame águas nas águas, mais teso
e a vida se tornará semente

Naufrague em mim.
Solte o último ar e grite sem medo
minhas águas guardam segredo
ao se misturarem às torrentes


http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/415513

Publicado em 16.03.2007