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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sem piedade




Sem piedade
Maria Quitéria

Era a tua chama a queimar camas e gretas
e era só você, um único, você, você e tantas
apenas um homem a incendiar seios e bucetas
a distribuir calor oferecendo faca e mantas
a sangrar os peitos com flechas de Sebastião
a brincar, covardemente, de tesão com uma nota só
fechando loas de sexo de uma para um montão
com a palavra roubada por um homem sem dó
e então ela chegou, leoa, e te derrubou
ela veio e te mostrou a dor do trisco da navalha
fincou no teu peito a adaga da tua mentira e te matou
sangrando tua carne com o ciúme que talha
e, sem ter a mesma piedade das santas
trançou a teia mortal com coxas e pêlos
fiando, na aranha, umas outras mantas
e se fez viúva negra do teu amor e teus novelos.

Veio ela e te caçou pelas matas e foi Florbela
se fez outra e te bebeu o sangue e se lambeu
te deu o seio e a nudez da loba mais bela
foi o instrumento que você dedilhou e fodeu
depois se foi, com a magia que tinha nos olhos
levou o cheiro das rosas da tua cama e os molhos
que melavam a tua colcha dos gozos que rompeu
e te deixou mudo, num redemoinho, incrédulo,
sem o balanço das ancas da Pomba que ainda dança
na encruza e gargalha nos prateados de lua e pêndulo
bebendo teu sangue no doce cálice da vingança.

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