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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Cantiga para viver





Cantiga para viver
(Maria Quitéria)

Trago nos olhos todas as recordações
- de nós dois, dos nossos momentos -
da nossa sanha louca em tantos tesões;
das trocas, fodas, dos devassos sentimentos.

Agora, em minha boca, há o gosto de agulhas
- mastigadas como fossem armadilhas -
e um fogo lento me queima em mil fagulhas
na minha fuga aos lobos de outras matilhas.

Me cubro, me visto de véus e nunca revelo,
escondo esse amor que me arde e me derruba
mas que eu, como fosse fiel cristã, ainda velo,

gozando sozinha com esse desejo que me criva,
- que me fura como um espinho que incuba -
mas que agüento para que, em mim, você viva.