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terça-feira, 10 de julho de 2007

Mulher, feito as de Atenas



(Maria Quitéria)



Eu o espero nas noites da vida
fico nua, cheirosa e me toco
- espero o meu soldado da lida -
e pelos meus dedos preparo o foco



eu o chamo baixinho, sussurro seu nome
e meus dedos se movimentam melados
eles aquecem o prato do guerreiro em fome
e sua comida fica em tons avermelhados

quando ele chega, cansado e querendo
a refeição que o faça esquecer a batalha
encontra o alimento aquecido em oferendo
e tira a sua roupa e a dura mortalha
abocanha, faminto, as carnes quentes
esfrega o rosto, sente o cheiro do alimento
como um animal desesperado, mete os dentes
e mastiga com o corpo todo em movimento
eu, sua refeição, a carne tenra que o sacia
fico de quatro, feito uma mesa torta
e sua espada corta a carne que o vicia
e ele se farta da guloseima que o conforta
que o faz esquecer as lutas do dia-a-dia;
come, se lambuza, se satisfaz da comida acesa
no corpo da guerreira com seu sal de magia,
e descansa com um doce beijo de sobremesa...